BUENOS AIRES – Quanto tempo você demoraria em acumular os US$ 4,6 milhões que Florencia Kirchner, filha mais nova da ex-presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2015), têm guardados em seus cofres bancários, segundo confirmou a Justiça semana passada? Para responder essa perguntar, basta acessar o site ?lacajadeflor.cf?, lançado após a descoberta da fortuna de Florencia, e colocar um valor de salário mensal.
Por exemplo, quem ganha um salário mínimo, atualmente de 8.060 pesos (US$ 538), demoraria 713.416 anos, seis meses e dois dias, de acordo com o site.
Semana passada, por ordem do promotor Gerardo Pollicita, agentes judiciais realizaram uma inspeção nos cofres bancários que Florencia possui no Banco Galicia, em Buenos Aires. Com apenas 26 anos, a mais nova dos Kirchner, que, como sua mãe, está envolvida em denúncias sobre suposta lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, acumulou um patrimônio em dinheiro que chamou a atenção no país.
Florencia explicou que trata-se da herança recebida após a morte de seu pai, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), falecido em outubro de 2010, mas, mesmo assim, a notícia provocou debate na Argentina.
Após as buscas realizadas pela Justiça, Florencia publicou uma carta nas redes sociais Facebook e Twitter, afirmando que ?os procedimentos judiciais que estão sendo realizados contra minha família violam todas as normas legais. Não existe nada que justifique o que estão fazendo, da forma como estão fazendo… Isso se chama abuso de poder?.
Na mesma carta, Florencia acusou meios de comunicação locais de perseguir sua família e, ao mesmo tempo, proteger do Mauricio Macri. ?Enquanto nos perseguem e aparecem todas nossas contas em branco, encontram outras coisas: todo o dinheiro sem declarar e, por lógica, ilegal, do atual presidente. Lógico que a notícia sejamos nós, mas a evidência é clara sobre quem faz o correto e quem não. Também é clara a evidência sobre os interesses defendidos por certa imprensa. Os do povo claramente não são?, assegurou a filha de Cristina.
Florencia, sua mãe e seu irmão, o deputado Máximo Kirchner, são donos da sociedade Hotesur, que administra hotéis de luxo na Patagônia. Num dos processos, em poder do juiz Sebastián Casanello, a ex-família presidencial foi acusada de alugar os hotéis para o empresário Lázaro Baez, preso desde abril passado, principal beneficiário de concessões de obras públicas nos governos Kirchner.
Segundo a deputada Margarita Stolbizer, que fez a denúncia, através dos aluguéis os Kirchner cobraram propina a Baez pelos favores concedidos.
(*)Correspondente