De repente, entre os versos retomados na memória ao lado do amigo Nelson Sargento, Monarco constata: ?É, meu compadre, muitas coisas mudaram?. A palavra é de um baluarte. Ao fundo, a arrojada Cidade do Samba comprova o fato. Há algo diferente no ar.
O mangueirense concorda, mas logo pondera, do alto de seus 92 anos: o samba muda, por vezes agoniza, mas jamais morre ou deixa de respirar. A palavra é (novamente) de um baluarte. Eles sabem. São fortalezas reconhecidas.
No domingo (11), os dois reinarão no moderno espaço onde são produzidos as alegorias das agremiações do Grupo Especial. O evento Baluartes do Samba reunirá a dupla ao lado do Fundo de Quintal, de velhas guardas de escolas consagradas e puxadores num show gratuito que se estenderá por toda a tarde. É para assistir com o olho no passado.
? Somos do tempo em que a maior parte das alegorias era feita por nós mesmos, num artesanato rude, mas imponente. Agora, aí está o progresso. Não tem como conter. É como um barco grande e cheio, que só vai para a frente. Para acompanhar, tem que embarcar… ? analisa Sargento, que logo recebe o apoio de Monarco, de 83 anos:
? Tá vendo como o Nelson é poeta!? Mas, em alguma hora, diante dessas mudanças, alguém como nós precisa dizer: ?Isso não pode!?. Não tem como deixar desconfigurarem o samba, né? Por isso somos baluartes.
SERVIÇO
Cidade do Samba: Rua Rivadávia Corrêa 60, Gamboa. Domingo (11), das 16h às 21h. Grátis. Livre.