Cotidiano

EUA investigam onda de antissemitismo com ataques a cerca de 300 lápides

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NOVA YORK ? A polícia de Nova York montou uma operação especial para investigar a vandalização de mais de uma dúzia de lápides em um cemitério judeu de Rochester. O crime é o último episódio de uma onda antissemita que percorre os Estados Unidos. Em duas semanas, pelo menos três cemitérios foram alvo de profanação em diferentes cidades americanas, e escolas sofreram falsas ameaças de bomba. A série de crimes assusta as comunidades judaicas, enquanto o presidente Donald Trump já condenou duas vezes a onda de ódio contra judeus.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse ter ordenado uma investigação sobre o mais recente ataque, desta vez no cemitério Waad Hakolel. Anteriormente, dois cemitérios judeus em Filadélfia e St. Louis também já haviam sofrido vandalizações. E escolas judaicas foram alvo de ameaças de bomba, que depois se provaram ser falsas.

Em Rochester, várias lápides foram derrubadas e as imagens dos falecidos embutidas foram arranhadas, embora não esteja claro há quanto tempo isso aconteceu. Em 2014, outras 40 lápides já haviam sido vandalizadas em outro cemitério judeu perto de Rochester, mas a polícia local concluiu que o ato não havia sido motivado por antissemitismo.

? É claramente vandalismo ? disse a diretora de relações comunitárias na Federação Judaica de Grande Rochester, Karen Elam. ? Qualquer vandalismo de um cemitério judeu é verdadeiro antissemitismo.

Para alguns especialistas, no entanto, não ficou claro se este era realmente um ato de vandalismo, porque foi um ataque em menor escala em comparação aos episódios das últimas semanas. Em Filadélfia, cerca de cem lápides foram derrubadas na semana passada. Em St. Louis, no estado de Missouri, foram 170.

AMEAÇAS DE BOMBA

Além disso, no fim de fevereiro, centros comunitários e escolas judaicas em pelo menos 11 estados americanos relataram ter recebido ameaças de bomba. As ameaças, que pareciam ter sido todas trotes, foram recebidas em Alabama, Delaware, Flórida, Indiana, Maryland, Michigan, Nova Jersey, Nova York, Carolina do Norte, Pensilvânia e Virgínia. Para alguns centros, foi a segunda ou terceira ameaça neste ano.

?Membros da nossa comunidade precisam ver ação rápida e conjunta das autoridades federais para identificar e capturar o responsável ou responsáveis, que estão tentando trazer ansiedade e medo para as nossas comunidades?, afirmou em comunicado David Posner, diretor da associação de centros judaicos.

Embora não tenham sido identificados motivos claros que expliquem o fenômeno pelos EUA, autoridades não acreditam que esta seja uma campanha coordenada. Grupos judaicos, no entanto, temem ser alvo de ataques às minorias possivelmente reforçados após a vitória de Trump ? candidato que não economizou na retórica explosiva, exclusiva e nacionalista ? para a Presidência.

O presidente já condenou as ameaças e ataques contra judeus durante as últimas semanas. No entanto, questionou se alguns dos responsáveis pelos crimes pudessem ser opositores ao seu governo que tentando relacionar o seu recém-inicado governo ao aumento do antissemitismo.

? Temos que lutar contra o preconceito, a intolerância e o ódio em todas as suas formas ? afirmou ele, durante uma visita ao Museu Nacional da História e Cultura Afro-Americana, em Washington. ? As ameaças antissemitas contra nossa comunidade judaica são, além de horríveis e dolorosas, uma triste lembrança do trabalho a ser feito para extirpar o ódio, a maldade e o preconceito.

Durante a campanha presidencial, Trump recebeu o suporte de grupos de supremacia branca e neonazistas, e foi criticado pela hesitação em condenar tais apoios. Depois que assumiu a Presidência, o assunto foi levantado em duas coletivas, mas Trump evitou fazer comentários diretos, concentrando-se em lembrar que sua filha, Ivanka, se converteu ao judaísmo para casar-se com um judeu, e que o premier israelense, Benjamin Netanyahu, classificou-o como ?o maior apoiador que Israel poderia ter?.