Vivian Weiand
Houve uma época em que uma vez ao mês a pediatra me informava por onde andava peso e altura dos meus filhos. Já faz algum tempo, eles eram bebês. Os anos passam e as visitas ao médico tornam-se mais espaçadas – graças a Deus! – porque não é mais tão fácil sucumbir a uma gripe ou à dor de garganta
Os anos foram passando e um dia a encontrei na rua. Os meninos, como estão? Crescendo, respondi. A curiosidade era legítima, pois não era mais ela quem me dizia por onde andava a altura dos meus pequenos. Na entrada do outono, a necessária revista do que anda guardado no guarda-roupa deixa claro que as crianças não cresceram só para cima, mas para os lados também, incontestável certeza de que nossa vida vai passando e que nossos filhos, consequentemente, vão crescendo. Um terço do que esperava ainda poder usar neste ano, para minha decepção financeira, deverão ser doados. E este ano um agravante: o colchão mostra-se outro sinal evidente de que um par de pernas não consegue se esticar com plenitude, pezinhos que balançam fora dele denunciam a inadiável necessidade de uma cama maior para o próximo ano. E quem sabe até uma definitiva, uma cama de solteiro mesmo, mesmo levando um tombo ou dois até se habituar.
A vida à beira mar é outra oportunidade de perceber o quanto os filhos cresceram. Lembra quando tinha de ficar embaixo de um guarda sol atenta à mamadeira, bicos e fraldas? Pois é, agora é só dar uma olhadinha – é aquele ali, de camisa vermelha e boné azul – e gritar para ficar na parte rasa do mar. E você volta a tomar aquilo que até já tinha esquecido o que era: banho de sol.
Na praia, em um tempo distante, os filhos pediam a água que você tirava da baby bag; tempos depois, a água de coco, o guaraná e não faltam muitos verões para você vê-lo pedir cerveja. Também é no verão que a filha faz uso da maquiagem, da minissaia, preocupante constatação de que sua menininha cresceu a tal ponto que quer pintar uma parte do cabelo de azul. O garoto, por sua vez, luta contra os fiapos de barba, a voz perdeu o timbre e o ombro um tatuagem ganhou.
No final desse verão, de uma boa olhada em seus filhos porque é no verão que vem que vai se da conta do quanto eles cresceram. É, meu caro, o mundo vai dando voltas e mais voltas e as dúzias de chupetas que até pouco tempo atrás eu tanto excomungava – aquilo com areia faz um estrago danado – bem que eu queria, por algumas horas, ter novamente de carregar.
A autora é jornalista