Cotada para sediar a ESA (Escola de Sargentos das Armas) do Exército Brasileiro, a cidade de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, reúne uma série de requisitos que a capacitam para abrigar a estrutura. O empreendimento deve receber investimentos de R$ 1,2 bilhão e reunir um contingente de militares que pode chegar a 10 mil pessoas, entre alunos, instrutores, familiares e todo o pessoal necessário para fazer a escola funcionar. Além de Ponta Grossa, também disputam a implantação da unidade as cidades de Recife (PE) e Santa Maria (RS).
A infraestrutura e a localização de Ponta Grossa são pontos que se somam a seu favor. Quarta em número de habitantes no Paraná, com uma população de 355 mil pessoas, é a cidade de maior porte mais próxima da Capital. Fica a 108 quilômetros de Curitiba, a cerca de 130 quilômetros do Aeroporto Internacional Afonso Pena e a 200 quilômetros do Porto de Paranaguá.
Mais que isso, é um verdadeiro ramal logístico, com um entroncamento rodoviário que permite acesso fácil às demais regiões paranaenses e aos estados vizinhos. É cortada pela BR-376, a Rodovia do Café, que faz a ligação do porto e da Capital com o Norte e Noroeste do Paraná, além de estados como São Paulo e Mato Grosso do Sul. Também tem o escoamento facilitado para Santa Catarina, Rio Grande do Sul e até Brasília.
A maior parte dessas rotas é feita por rodovias duplicadas, que devem ganhar ainda novas melhorias com investimentos já em execução e com o novo programa de concessões de estradas do Paraná, previsto para ser levado a leilão ainda neste ano.
“O Estado se prepara para ser a central logística da América do Sul, e Ponta Grossa está no centro desse projeto, por ser um grande entroncamento rodoferroviário que consolidou a cidade como um importante eixo logístico, sede de grandes empresas de transporte”, afirma Henrique Palermo do Vale, assessor da prefeitura encarregado pelo projeto da ESA.
A região também é considerada um ponto nodal para o transporte ferroviário entre o Sudeste e o Sul do Brasil, modal que deve receber investimentos de R$ 10 bilhões nos próximos anos com a renovação antecipada da Malha Sul. “Toda essa estrutura nos torna uma cidade muito competitiva. Ponta Grossa se encontra em processo de desenvolvimento muito intenso, de crescimento industrial e atração de investimentos”, destaca Vale.
O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, lembra que o Governo do Estado tem grandes projetos para o município, também com vistas à implantação da ESA. “A secretaria dará toda a assessoria e investimentos necessários para a viabilização dos acessos, da logística e mobilidade para garantir a instalação desse projeto”, ressalta. “O Paraná é o hub logístico do Brasil, e nesse sentido Ponta Grossa é estratégica, tanto que temos aqui investimentos históricos do Exército voltados para a área logística”.
DESENVOLVIMENTO – Energia e saneamento são outros pontos favoráveis da cidade, que tem 100% dos domicílios abastecidos pela rede de água tratada e um índice de coleta e tratamento de esgoto que atinge 91% da população, o que a coloca na 14a posição entre as cidades com o melhor saneamento do País, de acordo com o Instituto Trata Brasil. O município também é atendido pela rede de gás natural operada pela Compagas e conta com grandes investimentos da Copel e da Sanepar.
Somados, esses fatores foram cruciais para atração de diversos investimentos privados nos últimos anos. Com o apoio do programa de incentivos fiscais do Governo do Estado, na última década o município ganhou cerca de 19 novas indústrias, incluindo multinacionais e empresas de grande porte, além de oito que foram ampliadas e outras 11 que estão em processo de instalação.
A indústria de Ponta Grossa ocupa hoje a 51a posição entre as cidades brasileiras, com Valor Adicionado Industrial de R$ 4,6 bilhões. Nos últimos oito anos, o parque industrial do município ganhou um incremento de R$ 2,6 bilhões em investimentos privados, que geraram cerca de 13,9 mil empregos diretos e indiretos.
Isso inclui a implantação e ampliação de cervejeiras como a Heineken e a Ambev, de gigantes do agronegócio como a Bunge, Cargill e BRF, além da Continental, Grupo Madero, Makita e Tetra Pak. A cidade também passou a se destacar ao abrigar as montadoras DAF e TatraBras. A montadora tcheca é, inclusive, especializada na fabricação de caminhões pesados, incluindo veículos militares e de defesa.
Para a prefeita Elizabeth Schmidt, um dos diferenciais da cidade é sua condição fiscal, com nota A de capacidade de pagamento, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional. “É uma garantia de que o município tem capacidade de endividamento e pagamento e pode investir na sua infraestrutura e em projetos para melhorar a qualidade de vida da população”, explica.
“Boas estradas, água, energia, gás, Ponta Grossa reúne todas essas potencialidades. São projetos que não estamos sonhando em realizar, mas que já estão incorporados na infraestrutura da cidade”, destaca a prefeita. “A instalação da ESA seria uma grande conquista para o município, pensamos principalmente no futuro da nossa cidade, que será reconhecida por contar com uma escola do Exército desse porte, que vem para ficar por muitos anos”.