Curitiba – Por que falar sobre prevenção ao suicídio? Ainda que seja um tabu, o assunto é considerado um problema de saúde pública. No Brasil, são registrados cerca de 14 mil casos por ano, e essa é a quarta causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Para se ter uma ideia do problema, só em 2021, o Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba, maior exclusivamente pediátrico do país, atendeu 52 crianças e adolescentes por autoagressão.
O número é 173% maior do que o total de atendimentos realizados no ano anterior. Além disso, o paciente com a menor idade atendido pela instituição por causa de idealização suicida tinha apenas 7 anos. Por isso, durante o Setembro Amarelo, mês em que se coloca o tema em destaque, o Pequeno Príncipe reforça a importância de se falar sobre o assunto, além de ressaltar a necessidade do cuidado com a saúde mental desde a infância.
A tentativa de suicídio normalmente ocorre após a pessoa já ter manifestado sinais de depressão, ansiedade ou outra questão de saúde mental. Por isso, é tão importante manter um canal aberto de comunicação entre as crianças e os adolescentes. “As dificuldades e os transtornos mentais existem e são genuínos. Incentivar que se fale sobre o assunto é assumir que esse tipo de problema existe na sociedade, inclusive na infância e adolescência”, discorre a psicóloga Angelita Wisnieski da Silva, do Hospital Pequeno Príncipe.
Várias situações
Existem diferentes situações que podem ser um fator de risco, como bullying na escola, violência doméstica, perda de um ente querido, uso de drogas e outras substâncias, divórcio dos pais e dificuldade no aprendizado. Entretanto, segundo a OMS, 90% dos casos de suicídio poderiam ser prevenidos pelo simples fato de se ter alguém com quem conversar. Por isso, informar-se para aprender e ajudar o próximo é a melhor saída para lutar contra esse problema tão grave.
É muito importante que as pessoas próximas estejam atentas às mudanças repentinas de comportamento e alterações de humor dos meninos e meninas, ajudem oferecendo uma escuta ativa sem julgamentos e auxiliem no encaminhamento a um psicólogo ou psiquiatra sempre que necessário. “Cada fase da vida tem seus conflitos, dúvidas e questões que podem gerar sofrimento, por isso é preciso olhar para essas questões e buscar estratégias de abordagem e tratamento”, reitera a psicóloga.
Setembro Amarelo
A campanha é promovida anualmente pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), em parceria com o CFM (Conselho Federal de Medicina). Em 2022, o Setembro Amarelo tem como tema “A vida é a melhor escolha!”, com o objetivo de mostrar que é fundamental falar sobre o assunto para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam o valor da vida.
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O hospital
Com sede em Curitiba, o Pequeno Príncipe é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece assistência hospitalar há mais de 100 anos para crianças e adolescentes de todo o país. Disponibiliza desde consultas até tratamentos complexos, como transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea. Atende em 35 especialidades, com equipes multiprofissionais e realiza 60% dos atendimentos via SUS. Conta com 378 leitos, 68 de UTI e em 2021, mesmo com as restrições impostas pela pandemia de coronavírus, foram realizados cerca de 200 mil atendimentos e 14,7 mil cirurgias que beneficiaram pacientes do Brasil inteiro.