São Paulo – O Brasil ultrapassou nesta sexta-feira (19) a cifra de 1 milhão de casos registrados de covid-19 sob dois fatores que complicam o cenário: o pico da epidemia não tem um desenho claro e a real proporção da epidemia é muito maior, apesar de não se saber o tamanho exato dela.
A maior pesquisa no País para “soroprevalência”, que seleciona amostragem da população para fazer exames e detectar exposição ao vírus, indica que 2,6% da população já havia sido infectada naquele momento, seis vezes mais que a cifra oficial da época. Isso significa que, projetada a mesma proporção para o dia de hoje, o Brasil teria cerca de 6 milhões de infectados.
“Se o número exato é 4, 5, 6 ou 10 milhões a gente não tem como saber, porque nossa pesquisa foi conduzida em 133 cidades e não em todo Brasil”, explica o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, que coordena o trabalho. “Mas, desde a primeira fase da pesquisa, em maio, a gente já informava que a contagem de casos do Brasil estava na casa dos milhões, e não mais dos milhares”.
A despeito do avanço da pandemia, a má notícia é que, apesar de já ter infectado 1.032.913 pessoas até agora e matado 48.954 no Brasil, o País ainda está longe de atingir um nível de imunidade de rebanho, em que aqueles que sobreviveram ao vírus carregam imunidade e impedem o vírus de se disseminar demais.
“Ainda estamos muito longe da imunidade de rebanho que normalmente só é atingida quando há de 60% e 70% da população infectada”, diz Hallal.