Foz do Iguaçu – Um estudo desenvolvido pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) a partir de modelo matemático de inteligência artificial mostra que, com base nos dados atuais da covid-19, das três cidades com maior incidência da doença na região oeste, Foz do Iguaçu deve continuar em ritmo de aumento de casos e óbitos. A projeção é de que no dia 31 de julho seja alcançada a maior média diária de casos notificados, com 74 notificações; a desaceleração deve ocorrer na sequência. A plataforma é alimentada semanalmente com dados do Ministério da Saúde, então o último dado que consta no gráfico é de 17 de julho, quando o registro médio diário estava em 60,1 casos notificados no Município.
Os óbitos também seguem a mesma tendência e no dia 31 de julho a média atingiria 2,19 notificações/dia. No dia 17 de julho, a média era de 1,7 notificação/dia de óbitos.
O professor Roberto Tadeu Raittz, do Programa de Pós-Graduação em Bioinformática e coordenador do Grupo de Inteligência Artificial Aplicado à Bioinformática da UFPR, conta que, como se trata de projeção, pode haver alterações, dependendo do comportamento da população e das medidas impostas pelos municípios. “A projeção é baseada em padrões existentes, assim, podem surgir interferências capazes tanto de agravar quanto de conter a pandemia e os números podem ser alterados”.
Desaceleração
As projeções confirmam cenário de desaceleração de casos e óbitos em Cascavel e Toledo, ressalvando a defasagem dos dados analisados. Em 17 de julho, o estudo previa notificação média de 173,22 casos e a registrada em Cascavel foi de 87. A projeção mostra média de 159,28 notificações em 6 de agosto, confirmando a tendência de desaceleração. A média de óbitos, de 1,9 percebida dia 17, deve ficar em 2 no dia 6 de agosto.
Em Toledo, com média móvel de 25 registros/dia, deve atingir 31,2 no dia 6 de agosto, e de morte, de 0,1 deve alcançar 1,05.
Paraná longe do pico
Se a notícia é boa para a região oeste, o estudo traz dados preocupantes para o Paraná. No Estado, a média atual é de 1.621 registros/dia e pode chegar a 2.692 no dia 31 de julho, recuando para 2.211 no dia 4 de agosto. E a de óbitos passa de 50,4 para 83,92 no dia 31 de julho e para 70,10 no dia 4 de agosto. “No Paraná, as projeções mostram crescimento de casos e óbitos. Não há como, no cenário atual, prever quando chegaremos ao pico da doença. Pode haver mudanças caso as regras mudem ou o cumprimento seja intensificado, mas não há previsão de pico no Estado. Pode levar meses ainda”, alerta o professor Roberto Tadeu Raittz.
Ele afirma que, no Brasil, a tendência atual dá um panorama de estabilização da doença. “Com estados como Amazonas e São Paulo registrando queda nos números, caminhamos para uma estabilização. Ainda é cedo para falar em platô da curva, mas o cenário é mais animador que no Paraná”, afirma o pesquisado.
“A nossa intenção é reunir e divulgar informações que auxiliem a comunidade como um todo. Os gestores podem observar a situação e o efeito de medidas tomadas. Assim como a informação, chegando ao conhecimento da população, pode levar à conscientização sobre a gravidade da situação e influenciar nas atitudes adotadas”, complementou o professor.