Política

Valec fará projetos de extensão da Ferroeste

O governador participou deu start na Granja Refem, que desenvolve projeto pioneiro no Estado

Valec fará projetos de extensão da Ferroeste

Cascavel – O projeto de extensão da Ferroeste até Dourados (MS), passando por Cascavel e indo até Porto de Paranaguá (PR), com mil quilômetros de trilhos, após a desistência de grupos empresariais estrangeiros na elaboração dos estudos, pode, enfim, voltar a caminhar. O governador Ratinho Junior confirmou ontem (23) que um convênio será firmado nos próximos dias entre o Estado e a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., vinculada ao Ministério da Infraestrutura, para a elaboração das avaliações e do traçado.

Ratinho Junior disse que tudo isso acaba de ser acertado com a União e também envolverá outra frente: a extensão da ferrovia de Cascavel a Foz do Iguaçu, em cerca de 150 quilômetros.

Neste projeto em específico, o Estado deverá desembolsar algo próximo de R$ 10 milhões para a atualização dos projetos feitos ainda na década de 1990. O objetivo é mais ambicioso: deixar tudo pronto para tráfego até o fim do seu mandato, em 2022, pensando já na ligação bioceânica, até o Chile. “A assinatura do convenio será nos próximos dias. A Valec fará a atualização dos projetos e o estudo de viabilidade da área férrea do trecho de Cascavel a Foz. Se fossemos licitar, demoraria mais seis meses, assim, diminuímos esse prazo”.

Quanto à construção propriamente dita, serão os projetos que indicarão o melhor caminho, se com recursos públicos ou em parceria público-privada.

Quanto ao trecho Dourados/Paranaguá, a empresa pública fará os estudos de viabilidade, ambientais e de engenharia, ainda sem detalhamento de custos e cronogramas.

Segundo o governador, agir nas duas frentes vai resolver o problema provocado pelo gargalo logístico da ferrovia de Guarapuava até o porto. Questionado sobre o problema, Ratinho disse que o estudo vai definir um novo traçado, uma segunda linha, aumentando a capacidade de descida e encurtando caminho. Hoje, para levar as cargas de Guarapuava até Paranaguá, há dependência exclusiva da Rumo, que tem a concessão até 2027. “Assim, vamos resolver o problema de gargalo. Hoje existe uma dependência da Rumo, não estamos reclamando, ela presta um bom serviço, não temos problema com ela, mas precisamos aumentar a capacidade [do transporte]. Queremos deixar pronto [o estudo e os projetos] para uma concessão no futuro”, reforçou.

Reportagem: Juliet Manfrin

Mais prazo para Aeroporto Regional

Outro ponto abordado por Ratinho Junior diz respeito ao Aeroporto Regional do Oeste que travou desde que o governador assumiu. Em janeiro, o Estado pediu seis meses para reavaliar o processo de desapropriação da área entre Toledo e Tupãssi. “Vamos manter o valor para desapropriação [os R$ 10,5 milhões depositados ano passado]… Não temos recursos para isso [para a obra], mas queremos colaborar para que em um prazo médio se possa viabilizar. A Secretaria de Aviação Civil não prevê investimentos nessa área, no novo pacote de concessões que será anunciado em dezembro temos quatro aeroportos do Paraná [na lista], antes das concessões não tem previsão de investimento para isso, mas vamos deixar preparado o processo”, resumiu. “Esse prazo será prorrogado para o estudo jurídico… a PGE [Procuradoria-Geral do Estado] entende que não se pode desapropriar se não tiver recursos para o empreendimento”.

Outros compromissos

Ratinho Junior prestigiou ontem o Show Pecuário, no Parque de Exposições Celso Garcia Cid, em Cascavel. No fim do dia seguiu para Medianeira, onde participou da AveSul. Hoje pela manhã o governador inaugura planta de geração de energia a partir de biogás produzido com dejetos da suinocultura em Entre Rios do Oeste.

Projeto pioneiro

A visita do governador Ratinho Junior pelo oeste começou em uma granja em Cascavel para a entrega do certificado Sisbi (Sistema Brasileiro de Inspeção Sanitária). Trata-se de um projeto pioneiro na produção de ovos no País com galinhas sem gaiolas, coordenado pelo empresário Renato Festugato Neto.

Segundo o proprietário da Granja Refem, ela já atende os compromissos da Agenda 2030, firmados pelos países-membros da ONU, a qual o Paraná tem a missão de implementar. Ele citou que a Europa já proíbe a comercialização do ovo de galinhas de gaiola, que os Estados Unidos consomem 30% na modalidade “cage free” (sem gaiola) e, o Brasil, menos de 1%. “Nosso país consome hoje 110 milhões de ovos por dia e somente 650 mil a 700 mil ovos têm a preocupação do bem-estar animal. Teremos capacidade de chegar a 1 milhão de ovos por dia. É um mercado em expansão, e viável, só teremos um período maior de maturação”, afirmou.

A Granja Refem já está adequada às normas sanitárias da ONU, que vai exigir, a partir de 2021, que a produção em todo o mundo seja feita de forma mais natural, com aves livres de gaiolas e proibição do uso intensivo de químicos, medicamentos e na ração. Até 2030, não será mais permitida a produção de ovos em sistema de gaiola.

Ele investiu cerca de R$ 27 milhões na reformulação do negócio e a projeção é adequar ainda mais a área de aviários para atingir 500 mil aves de postura e produção diária de um milhão de ovos. Cerca de 60% dos recursos são de capital próprio e 40% da linha Inovagro, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Festugato afirma que a produção é focada no mercado interno.

O sistema cage free pressupõe que as galinhas fiquem soltas dentro de um espaço reservado para a produção de ovos. Grandes varejistas trabalham somente com ovos do sistema cage free em suas cadeias de suprimentos.