Política

Mesmo com anúncio de redução, gasolina aumenta R$ 0,34

Greve de caminhoneiros provoca fila para abastecimento de combustível em posto de gasolina no Rio de Janeiro.
Greve de caminhoneiros provoca fila para abastecimento de combustível em posto de gasolina no Rio de Janeiro.

Brasília – Um dia após o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad anunciarem o retorno de da cobrança de tributos sobre os combustíveis, a Petrobras anunciou uma redução nos preços da gasolina e do diesel para distribuidoras. Tanto a reoneração quanto a redução entrão em vigor a partir desta quarta-feira (1º).

No início da manhã de ontem (28), a Petrobras anunciou a redução no preço da gasolina para as distribuidoras em R$ 0,13 por litro, passando de R$ 3,31 para R$ 3,18, enquanto o diesel terá uma redução de R$ 0,08 por litro, passando de R$ 4,10 para R$ 4,02. A decisão da Petrobras serve para balizar o anúncio do governo Lula, de reintroduzir a cobrança de impostos PIS/Cofins sobre a gasolina e o etanol.

Já no início da noite, foi a vez do ministro da Fazenda Fernando Haddad em anunciar os valores da reoneração, que até então estava indefinida desde o início da semana, quando o governo anunciou a volkta dos tibutos federais sobre a gasolina e etanol.

Durante coletiva de imprensa, Haddad informou que a reoneração da gasolina será de R$ 0,47 e a do etanol será de R$ 0,02. Contudo, esse não será o impacto efetivo do preço na bomba de combustível. Haddad explicou que, como a Petrobras reduziu a gasolina em R$ 0,13 por litro, o impacto final a ser sentido pelo consumidor será de R$ 0,34 para a gasolina.

Já o diesel não terá reoneração, assim, o valor na bomba deverá diminuir.

Imposto de exportação

Durante o anúncio, Haddad informou ainda que o governo Federal irá criar, por meio de uma Medida Provisória, um imposto de exportação sobre o petróleo cru. A expectativa é que o novo tributo arrecade R$ 6,6 bilhões no período.

“A MP prevê 4 meses de imposto sobre exportação de óleo cru para cumprimento dos compromissos assumidos por mim e pelo presidente da República, com vistas a concluir o ano com um déficit inferior a 1% e com o arcabolso fiscal e reforma tributária aprovada até o final do ano para restabelecer o equilíbrio necessário para o país voltar a crescer”, disse Haddad.

Recomposição

A reintrodução dos impostos sobre a gasolina e o etanol servirá para assegurar uma recuperação fiscal de R$ 28,9 bilhões, a fim de complementar as contas federais, uma vez que o governo começou 2023 com uma previsão de déficit fiscal na casa dos R$ 200 bilhões.

No entanto, a gasolina será mais onerada que o etanol sob a justificativa de ser um combustível fóssil, de acordo com a modelagem da reoneração.

Desoneração dos combustíveis

No ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro zerou as alíquotas do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) para a gasolina, o etanol, o diesel, o biodiesel, o gás natural e o gás de cozinha. Em 1º de janeiro, o presidente Lula assinou a Medida Provisória 1.157, que previa a reoneração da gasolina e do etanol a partir de 1º de março e a dos demais combustíveis em 1º de janeiro de 2024.

No início do ano, ao anunciar o pacote com medidas para melhorar as contas públicas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a recomposição dos tributos renderá R$ 28,88 bilhões ao caixa do governo em 2023.

Só em janeiro, segundo cálculos da Receita Federal divulgados na semana passada, o governo deixou de arrecadar R$ 3,75 bilhões com a prorrogação da alíquota zero.

Opositores e aliados criticam medida

Opositores ao governo do presidente Lula criticaram a decisão do Executivo em voltar a cobrar impostos sobre a gasolina e o etanol. O Senador paranaense Sergio Moro (União Brasil), utilizou as redes sociais para manifestar algumas das críticas.

Segundo o parlamentar, a medida do governo Federal é jogar o custo nas costas do consumidor. “Para controlar a inflação e reduzir os juros, o Governo tem que cortar despesas desnecessárias. Mas o Governo Lula aprovou um rombo de R$ 200 bilhões e 37 Ministérios para os amigos. Agora quer subir os impostos sobre a gasolina, jogando o custo nas costas do consumidor”, escreveu Moro.

Contudo, não foram apenas os opositores que criticaram a medida. A decisão sobre a reoneração dos combustíveis também teve fogo amigo. O ex-governador do Paraná e ex-senador, Roberto Requião, correligionário do mesmo partido do presidente Lula, se disse “perplexo” com a decisão da oneração dos combustíveis sem uma previsão sobre a alteração da PPI (Preço de Paridade de Importação).

Foto: ABR