Política

Lewandowski se despede da Corte homologando acordo entre Paraná e o Banco Itaú

Brasília (DF) 11/04/2023 Os ministros da Educação, Camilo Santana, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, durante homenagem ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, no MEC. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília (DF) 11/04/2023 Os ministros da Educação, Camilo Santana, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, durante homenagem ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, no MEC. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Brasília – O STF (Supremo Tribunal Federal) formalizou um acordo entre o Governo do Paraná e o banco Itaú Unibanco S/A (sucessor do Banestado) que põe fim a uma controvérsia iniciada após a privatização do banco estatal, em 2000. A dívida foi contraída há quase 23 anos, e deixou de ser paga há 20 anos pelo governo da época. Agora, com o acordo, a privatização da Copel deverá ter andamento.

Na ação relatada pelo ministro Ricardo Lewandowski, um dos últimos atos do ministro antes de se aposentar e deixar a Suprema Corte, o Governo do Paraná conseguiu um desconto de 62% no valor devido, que era de R$ 4,5 bilhões, e caiu para R$ 1,7 bilhão, com pagamento nos próximos 2 anos.

Origem

O caso tem origem em contrato de compromisso de compra e venda de títulos públicos firmado em 1998, em que o Paraná assumiu a obrigação de comprar precatórios em poder do Banestado e, como garantia para o caso de inadimplência, ofereceu ações da Companhia Paranaense de Energia (Copel).

Dois anos depois, o Banestado que então pertencia ao governo do Estado foi privatizado e, desde 2002, o Estado do Paraná não realizava o pagamento da dívida. Em 2004, o Itaú Unibanco propôs a execução do título extrajudicial, sob o argumento de que se tratava de execução por quantia certa contra devedor solvente, o que afastaria o pagamento pelo regime de precatórios.

Contudo, a Justiça estadual entendeu que a garantia real fora dada quando a instituição bancária tinha natureza pública e não privada. O contrato havia sido firmado com base em uma legislação estadual que autorizava expressamente o Poder Executivo a dar em caução ou oferecer ações da Copel como garantia de operações de crédito, financiamentos e operações de qualquer natureza.

Conciliação e pagamento

No despacho em que extinguiu o processo e certificou seu trânsito em julgado, o ministro Lewandowski afirmou que a autocomposição foi a via mais adequada para a solução do conflito. Por isso, propôs às partes a possibilidade de conciliação.

“Durante as sessões, as partes negociaram livremente e construíram, de forma cooperativa e paritária, uma solução que atendesse aos interesses de ambas”, disse o ministro. Lewandowski determinou o envio de sua decisão e do acordo à PGR (Procuradoria-Geral da República), ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas do Estado do Paraná.

Além de dar fim ao imbróglio jurídico, o acordo evita que o pagamento da dívida seja feito por precatório, o que poderia comprometer a fila de pagamento atual, que deve ser zerada até 2029. A medida garante economia aos cofres públicos, já que com os juros de um processo em precatório, o valor poderia ultrapassar os R$ 7 bilhões, colocando em risco a continuidade da prestação de serviços essenciais como saúde, educação e segurança pública.

O governador do Paraná, Ratinho Junior informou que a conciliação foi a melhor medida, uma vez que, se a dívida fosse paga em precatório, poderia “quebrar o Estado”. “A dívida poderia quebrar o Estado caso entrasse na fila de precatórios. Isso demonstra a responsabilidade do governo com as contas públicas, pois conseguimos um desconto relevante a partir dessa negociação. Estamos colocando fim a um dos maiores processos jurídicos do Estado do Paraná”.

Procurada pela reportagem do jornal O Paraná, a Copel informou que não iria se manifestar sobre a situação, uma vez que a ação envolvia as ações da Copel que pertencem ao Governo do Estado que estavam em disputa. No Palácio do Iguaçu a única, a reportagem foi informada que  a única declaração sobre o caso seria sobre a AEN (Agência Estadual de Notícias).

Privatização da Copel

Com o acordo entre o Governo do Paraná e o Itaú, o processo de desestatização da Copel, aprovado pela Assembleia Legislativa do Paraná em 2022 deverá ter andamento, já que esse era um dos principais obstáculos que atrasavam o processo de privatização.

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Ricardo Lewandowski deixa o STF após 17 anos

O agora “ex-ministro” Ricardo Lewandowski, do STF, deixou ontem (11) o cargo, após ter antecipado em um mês sua aposentadoria. Ele completa 75 anos em 11 de maio, data em que seria aposentado compulsoriamente. Lewandowski deixa o gabinete com um acervo de 780 processos, que devem ser herdados por seu sucessor. Cabe ao presidente Lula indicar um novo nome para a cadeira. Quando anunciou sua aposentadoria, o ministro disse não ter feito indicações a Lula.

Até o momento, o único nome citado publicamente por Lula foi o do advogado Cristiano Zanin, que o defendeu nos processos da Operação Lava Jato. Antes de assumir, o indicado pelo presidente deverá ser sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e depois ser aprovado no plenário da Casa, por maioria absoluta (41 votos).

Foto: ABR