O desvio do Rio Paraná, no dia 20 de outubro de 1978, três anos após o início das obras da Hidrelétrica de Itaipu, cumprindo rigorosamente o cronograma previsto, foi o grande e obrigatório evento que permitiu a execução da estrutura em concreto da barragem, no leito do Rio Paraná.
Importante apontar a importância desse evento, mas também aproveitar a oportunidade para resgatar o valor e a capacidade da engenharia brasileira quando da construção de Itaipu: tecnologia de ponta desenvolvida na execução do projeto pelas empresas brasileiras de engenharia; tecnologia de ponta desenvolvida pelas construtoras brasileiras na execução da obra; tecnologia de ponta na montagem eletromecânica pelas montadoras brasileiras; e tecnologia de ponta na fabricação dos equipamentos eletromecânicos pelos fabricantes nacionais.
A engenharia brasileira necessita resgatar hoje a alta tecnologia materializada na construção de Itaipu para projetar e executar as obras de infraestrutura que o Brasil tanto carece.
Quero homenagear na pessoa da minha esposa, Maria Aparecida, todas as esposas dos funcionários envolvidos na construção de Itaipu, heroínas anônimas: sem esse indispensável apoio, seria impossível aos trabalhadores cumprirem sua missão com tranquilidade.
Quero homenagear nossos filhos, nas pessoas dos meus filhos Gisele, Gustavo, Giuliana e Gabriel. Com nossos filhos completamos nossas famílias, formando uma única família, a família de Itaipu, sempre presente e atuante na construção da obra.
Quero homenagear os funcionários presentes no canteiro de obras, nas pessoas dos engenheiros Rubens Vianna de Andrade (Itaipu) e Francisco Fortes Filho (Unicon), Leopoldo Seifart (Itaipu-Paraguai) e Juan Carlos Wamosy (Conempa).
Quero homenagear os funcionários do projeto Acary-Iguazu, o maior centro de treinamento dos funcionários paraguaios para o início da construção de Itaipu.
Meus agradecimentos ao Exército Brasileiro pela minha formação profissional, que permitiu a minha contribuição para a construção de Itaipu.
Graduei-me como oficial da Arma de Engenharia pela Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) e engenheiro civil pelo IME (Instituto Militar de Engenharia).
Após 20 anos, com promoção assegurada como coronel, pedi demissão do serviço ativo do Exército Brasileiro, que muito honro, para me dedicar à construção de Itaipu. Como comentava meu amigo general Ítalo Avena, diretor do DEC (Departamento de Engenharia e Construção do Exército), “a pele verde não desgruda do corpo jamais”.
Na comemoração dos 40 anos do desvio do Rio Paraná, é desnecessário comentar os fantásticos números de Itaipu. Assim, preferi exaltar o valor e a abnegação dos funcionários e de suas distintas famílias, envolvidos na construção da hidrelétrica de Itaipu.
Concluindo, conclamo aos brasileiros: vamos resgatar de imediato a invejável tecnologia da engenharia brasileira materializada com êxito total no projeto e execução das obras da Hidrelétrica de Itaipu.
Hugo José Ribas Branco é engenheiro civil e foi superintendente de obras do consórcio responsável pela construção de Itaipu