Classificado como “refém” dos caminhoneiros, o presidente Michel Temer resistiu mas cedeu às reivindicações, viu o País mergulhar no caos e agora ninguém sabe o que fazer nem o que pode acontecer. Entidades “líderes” assinaram dois acordos para o fim da mobilização, só que os caminhoneiros continuam parados. Afinal, quem comanda a greve?
Com nove dias parado, o Brasil acumula prejuízos bilionários que dificilmente serão recuperados. Empresas e indústrias deram férias coletivas. Escolas fecharam. A greve já custa muito além do subsídio necessário para bancar os R$ 0,50 por litro de diesel. Apenas a Petrobras perdeu R$ 100 bilhões nesses oito dias em que viu o País parar por causa dela. E não são perdas referentes a combustível não vendido. São perdas na Bolsa de Valores, depreciação pelo caos que vive o País. Será que quem vai às ruas defender que “o petróleo é nosso” tem noção do que causou aos cofres da estatal?
Alguns aspectos da greve chamam a atenção, neste momento em que o movimento parece anencéfalo. Por que as distribuidoras de combustível não reclamaram dos prejuízos até agora? Por que são notificados pontos de bloqueio onde há apenas concentração de manifestantes? Por que, apesar da liberação das cargas vivas e perecíveis, muitos se recusaram a carregar?
A Polícia Federal investiga por todo o País a atuação de empresas por trás do movimento. Enquanto muitos acreditam num “levante popular”, a realidade pode ser uma grande manipulação de quem de fato está ganhando com essa greve.
Vale a reflexão: o mesmo líder que disse que “Ninguém vai conseguir tirar o caminhoneiro, vai correr sangue”, em resposta à ameaça de uso das Forças Armadas semana passada, ontem denunciou a presença de “infiltrados” que não deixavam a greve acabar. Com a palavra, José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros).