Política

Editorial: O futuro do agronegócio

O Brasil conseguiu restabelecer o diálogo com a União Europeia para discutir os embargos à carne brasileira, especialmente frango, e assim poder retomar as exportações. O mesmo acontece com a Rússia, que neste ano ainda não comprou carne bovina brasileira. Para esse país, as vendas devem ser retomadas no segundo semestre.

O assunto vem tirando o sono das autoridades brasileiras, especialmente nas regiões Sul e Centro-Oeste, que viram a balança comercial despencar nesse início de ano.

O agronegócio tem sido o protagonista da economia brasileira e seu futuro começa a ser pensado agora, ante cinco megatendências mundiais que devem impactar diretamente o setor no Brasil e no mundo: mudanças demográficas, urbanização acelerada, deslocamento do poder econômico global, avanços tecnológicos e mudanças climáticas e escassez de recursos. Essas questões estão na mesa do setor que produz nossa comida e que devem ser consideradas para o futuro da atividade econômica.

A expectativa hoje é de que as empresas do setor tenham de se posicionar sobre quais caminhos irá seguir, como estratégia de nicho ou investir em commodity.

Essas decisões vão se pautar a partir das novas exigências do consumidor, cada vez mais urbano, sofisticado e conectado. Sem contar o aumento populacional. A ONU estima que até 2050 a população urbana mundial aumentará 54% em relação a 2014, um contingente de mais 2,5 bilhões de pessoas, chegando a 6,3 bilhões. Todos morando nas cidades e famintos do que o campo produz. Os governos precisarão ser muito mais atuantes e antenados nessas questões bilaterais e evitar que esse imenso público consumidor fique à mercê de estratégias de mercado que suspendam importações e comprometam a indústria e o fornecimento de alimentos.