Política

EDITORIAL: A mão “visível” do governo

Numa economia de livre mercado, a mão do governo deve ser quase invisível. Quase, porque o Estado tem funções constitucionais como garantir saúde e educação a toda a população e, para bancar isso, dentre outros “serviços”, recolhe quase 35% de tudo o que o País produz em impostos.

Mas, de maneira geral, espera-se que o mercado consiga atuar sozinho. Pelo menos, o mais que puder. Nesse caso, impera em quase todos os setores a chamada “lei de mercado”, que nada mais é que o equilíbrio natural entre oferta e demanda. Ou seja: quando a oferta for maior que a demanda o preço cai até encontrar o equilíbrio, ocorrendo o mesmo quando a situação é inversa, com maior demanda ou procura por um produto ou serviço, o preço tende a subir. Enfim, o mercado se ajusta.

Aos poucos o governo foi retirando seus dedos, deixando de tabelar o preço dos combustíveis, de controlar o preço de insumos básicos como luz e água e telefonia, e quase nunca atuando com o chamado preço mínimo de grãos, como trigo e milho.

Agora, de uma hora para outra, impôs-se a tabela do preço mínimo de frete, uma das reivindicações dos caminhoneiros para pôr fim à greve que parou o País. Ou seja, de uma hora para outra foi majorado em até mais de 100% o serviço de transporte sob risco de sanções em descumprimento da medida. Claro que tudo parou. Imaginem cooperativas que têm contratos com centenas de caminhões, de um dia para outro, dobrar sua despesa com frete. Ninguém quer pagar a conta.

A Justiça já começou a reconhecer ontem o direito das empresas à lei do livre mercado. Outras ações devem pipocar a partir de hoje. E não importa o governo rever para baixo o valor da tabela do frete, como fez ontem. Os caminhoneiros não querem valor menor e quem contrata os serviços querem saber é de negociar.