Política

Congresso promulga a primeira reforma após a Constituição de 1988

Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão solene do Congresso Nacional destinada à promulgação da Emenda Constitucional nº 132 de 2023, referente à Proposta de Emenda à Constituição nº 45 de 2019, que altera o Sistema Tributário Nacional.

Mesa:
ministra de Estado do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet;
relator da PEC 45/2019, no Senado Federal, senador Eduardo Braga (MDB-AM);
ministro de Estado da Fazenda, Fernando Haddad;
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso;
presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva;
presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG);
secretário-geral da Mesa do Senado Federal, Gustavo A. Sabóia Vieira;
presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL);
vice-presidente da República Geraldo Alckmin;
primeiro signatário da PEC 45/2019, deputado Baleia Rossi (MDB-SP);
relator da PEC 45/2019, na Câmara dos Deputados, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Foto: Jonas Pereira/Agência Senado
Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão solene do Congresso Nacional destinada à promulgação da Emenda Constitucional nº 132 de 2023, referente à Proposta de Emenda à Constituição nº 45 de 2019, que altera o Sistema Tributário Nacional. Mesa: ministra de Estado do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; relator da PEC 45/2019, no Senado Federal, senador Eduardo Braga (MDB-AM); ministro de Estado da Fazenda, Fernando Haddad; presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso; presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva; presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG); secretário-geral da Mesa do Senado Federal, Gustavo A. Sabóia Vieira; presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL); vice-presidente da República Geraldo Alckmin; primeiro signatário da PEC 45/2019, deputado Baleia Rossi (MDB-SP); relator da PEC 45/2019, na Câmara dos Deputados, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

Brasília – O Congresso Nacional promulgou ontem (20) a Emenda Constitucional 132, da reforma tributária. É a primeira reforma ampla sobre o sistema tributário nacional realizada sob a vigência da Constituição Federal de 1988. Seu principal efeito é a unificação de cinco tributos — ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins — em uma cobrança única, que será dividida entre os níveis federal (CBS: Contribuição sobre Bens e Serviços) e estadual (IBS: Imposto sobre Bens e Serviços).

O texto que deu origem à reforma foi a PEC 45/2019, iniciada na Câmara dos Deputados. A Câmara aprovou a proposta no dia 7 de julho e a remeteu ao Senado, que a aprovou no dia 8 de novembro, com alterações. A Câmara fez nova votação no dia 15 de dezembro, aprovando a versão final do texto.

Marco Histórico

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a promulgação da PEC da reforma tributária é um marco histórico e um ponto de virada na história do país. Ele reconheceu que a proposta foi objeto de divergências, mas lembrou o consenso de que o sistema atual é complexo demais e precisava ser simplificado. Pacheco admitiu que a tarefa de buscar um texto final não foi fácil, mas disse que o Congresso agora entrega um o texto equilibrado, focado na justiça fiscal e na desburocratização.

Para Pacheco, o Congresso aprovou a reforma porque o Brasil não podia mais viver com o atraso. O presidente do Senado disse que a reforma tributária “se impôs”. Ele ainda destacou o amadurecimento do debate para que todos os envolvidos, dos parlamentares aos consumidores, entendessem a necessidade da proposta. Para Pacheco, a reforma é produto do diálogo, dentro de um ambiente democrático, e não significa apenas uma diminuição na quantidade de tributos, mas aponta uma melhora qualitativa na arrecadação.

Na visão do presidente Lula, a reforma tributária é uma vitória do país, para que o povo brasileiro viva melhor. Ele elogiou o empenho de representantes do governo e de parlamentares, em torno da busca do consenso.

Revisão contínua

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, agradeceu a dedicação de deputados e senadores no trabalho na aprovação da reforma tributária. Haddad também elogiou o trabalho anônimo de técnicos, pesquisadores e professores, que sugeriram melhoras no texto da reforma. Ele ressaltou a equipe do secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, um dos formuladores da Emenda Constitucional. Na opinião do ministro, a reforma era uma necessidade imperiosa. Haddad ainda apontou que, a partir da promulgação da Emenda 132, o STF se torna o guardião da reforma tributária. Para o ministro, se a reforma tem sido criticada por não ser a mais perfeita, tem o mérito da transparência e da justiça e poderá trazer vários benefícios ao país.

Prioridade

Para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a reforma tributária é uma conquista do povo brasileiro. Ele agradeceu a Pacheco pela “deferência” de realizar a sessão de promulgação no Plenário da Câmara dos Deputados — como regra, as promulgações de emendas constitucionais ocorrem no Senado. Lira se referiu ao dia como “histórico e memorável” e disse que o Congresso conclui o seu trabalho com “orgulho cívico”.

Lira ainda avaliou que a reforma tributária teve sucesso porque foi estabelecida como prioridade do Congresso Nacional desde o início das gestões dos atuais presidentes das Casas. Segundo ele, as tentativas anteriores naufragaram porque ficavam sujeitas a “interesses diversos”.

Pauta para 2024

Avaliando que o Congresso viveu um ano muito produtivo, Pacheco destacou como desafios do Legislativo para 2024 o enfrentamento de outras questões, como a discussão sobre o gasto público; a transição energética; mandatos limitados para ministros do STF e a reavaliação da reeleição para cargos executivos. Ele acredita que, ainda no primeiro semestre do próximo ano, essas pautas terão prioridade no Senado e na Câmara.

“São transformações positivas que a gente tem que proporcionar para a sociedade. Considero que vamos ter um início de ano legislativo, a partir de 1º de fevereiro, com uma produção muito acentuada”.

O presidente do Senado se mostrou favorável à retomada da discussão do imposto de renda, mas condenou a “cultura de taxação” e disse que cabe aos parlamentares “frear” a criação de novos tributos e o aumento de alíquotas. Ele acrescentou sua visão otimista com os indicadores econômicos positivos do país, que considera resultado da harmonia entre os Poderes.