Cascavel – Com a força de quem foi reeleito com 4.243.292 votos, estabelecendo um novo marco na história política do Paraná, o governador Ratinho Junior se prepara para o seu segundo mandato avisando que, apesar do PSD ter abraçado o governo eleito Lula/Alckmin, estará na oposição ao governo petista. Em entrevista concedida ao Estadão, Ratinho disse que terá “um relacionamento institucional” e reafirmou ter um “pensamento político que diverge do governo eleito”.
O governador do Paraná, hoje a quarta economia do Brasil lembrou que a relação institucional é “obrigação nossa como gestores públicos” e citou o exemplo do seu próprio governo. “Aqui no Paraná, consegui construir essa relação com os partidos. São 399 municípios e fui apoiado por 393 prefeitos, inclusive aqueles que não estavam na minha coligação, como PT, PDT e Cidadania. Atendi aos municípios, investindo nessas cidades. Espero que o novo governo que vai tomar posse em janeiro tenha essa mesma visão”.
Ratinho Junior, que esteve de forma efetiva na campanha de Jair Bolsonaro foi simples na resposta sobre ser oposição. “Meu candidato perdeu a eleição nacional, então eu, naturalmente, sou oposição a esse governo eleito. Mas, sou apenas uma pessoa dentro do partido. O PSD tem mais de 40 deputados, mais de dez senadores e outros representantes que vão decidir pelo partido”.
Ele relatou que esteve com Bolsonaro na semana passada, oportunidade que agradeceu os muitos investimentos feitos no estado. “Acredito que ele terá uma participação importante na política brasileira. Será um ex-presidente com uma força popular muito grande. É uma pessoa de uma direita mais fervorosa, com uma importância muito grande dentro do tabuleiro político.
“Direito do cidadão”
Democrata, Ratinho Junior defendeu o direito da população se manifestar o que, segundo ele, “é algo natural” e faz parte da democracia. “As pessoas têm o direito de se manifestarem, desde que não usem a violência ou tranquem rodovias. É direito do cidadão não gostar do resultado da eleição. Isso não significa que vai mudar o resultado. É algo natural e faz parte da democracia. As instituições estão funcionando e a transição acontecendo. Não temos a Marcha da Maconha? A Marcha do Aborto? É direito da pessoa reivindicar, pensar diferente da outra.”
PARCERIAS
Ratinho também falou sobre as novas concessões das rodovias no Paraná como fator essencial para consolidação do estado como central logística da Região Sul. “Concessões de rodovias são muito importantes para o Paraná. São mais de 3 mil quilômetros que precisam ser concedidos para que haja uma ampliação da capacidade de carga, sendo 70% de rodovias federais e 30%, estaduais. É um projeto robusto para consolidar o Paraná como central logística da América do Sul. Temos também a Ferroeste, que liga o Oeste de Santa Catarina até o porto de Paranaguá, atendendo toda a produção do Mato Grosso do Sul e de todo o Paraná. É um projeto que vai ajudar o Brasil”.
Para o governador, mesmo com as várias críticas pela proposta apresentada, o novo modelo proposta para o pedágio do prioriza a menor tarifa. “O modelo que construímos com o Ministério da Infraestrutura do governo atual é o da menor tarifa. No passado, foi um assalto, porque cobraram pedágio do paranaense por 24 anos e não fizeram obras. O paranaense não quer um pedágio para tapar buraco e pintar faixa. Queremos obras, isso é o que desenvolve o Estado. Estamos abertos para buscar a melhor solução. Se o governo federal, o novo governo que vai assumir a partir de janeiro, tiver a mesma disposição, estamos abertos para poder achar uma solução que seja um preço justo ao paranaense, mas, acima de tudo, que tenha obras para a população”.
Foto: AEN
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Candidato a presidente?
Já apontado por várias lideranças como possível candidato a Presidência da República, o governador reeleito do Paraná apenas reforçou seu compromisso com o Paraná e disse ter muita cautela com esse tema. “Da minha boca, nunca saiu isso. Até porque sou muito ponderado nesse tipo de pauta. Tenho um compromisso com meu Estado, objetivo de fazer um bom segundo mandato, deixar uma grande marca de consolidar o Paraná como Estado mais sustentável do Brasil, com a melhor educação do Brasil, melhor porto do País e a maior geração de empregos da nossa história. Há décadas éramos quinto lugar no PIB (Produto Interno Bruto) e agora passamos a ser a quarta maior economia do País, com recorde na participação do PIB. Claro que qualquer governador de um Estado importante passa a ser, naturalmente, um player que o nome surge ou é discutido, mas tenho muita cautela. Essa questão não me embriaga”.