Política

Coluna contraponto do dia 28 de junho de 2018

Beto Richa: o presente complica até o passado

No volume e no emaranhado das complicações jurídicas em que o ex- governador Beto Richa vem sendo envolvido atualmente, o fato de ter se tornado réu num processo de quase dez anos confunde tudo. E prejudica ainda mais a imagem dele. Um problema de aplicação de dinheiro público destinado à saúde de forma equivocada – um erro, sim, mas de cunho administrativo e aparentemente defensável – torna-se mais um argumento para mostrar que Beto Richa, desde os tempos de prefeito de Curitiba, não era o gestor moderno, ousado e equilibrado que a propaganda fez crer aos paranaenses.

Sai e volta

Tornar-se réu pela decisão de um juiz federal vem justamente na semana em que o juiz federal Sérgio Moro reclamou nos autos porque lhe tiraram das mãos o processo que investiga se as doações de R$ 2,5 milhões da Odebrecht para a campanha da reeleição de Beto Richa foi resultado de uma maracutaia imensa na licitação da PR-323. Trata-se aqui da maior obra rodoviária do governo dele, que nem sequer foi iniciada, por desistência da própria Odebrecht. Em resumo: Moro deixou claro que ali tinha fatos graves, passíveis de novas investigações e não apenas uma doação irregular de campanha, que a Justiça Eleitoral passa a analisar.

Nome no brejo

O fato é que o ex-governador vem aparecendo demais em delações premiadas, denúncias de desvio de dinheiro público e com todos os principais assessores, que o acompanham há mais de 20 anos, também notificados por mal feitos. Por tudo isso é que a notícia de que se tornou réu já não surpreende. Mas o efeito é de afundar um pouco mais o nome no brejo.

Réu e ficha limpa

Quem é réu pode ser candidato? Só o fato de ser réu em processo que envolve malfeitos na vida pública já é motivo suficiente para o político ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa? Ambas as perguntas têm resposta negativa e, sim, Beto Richa pode continuar candidato a senador mesmo tendo se tornado réu pela primeira vez nessa terça-feira (26) num processo em que é acusado de aplicação irregular de verbas federais destinadas à saúde pública quando ainda exercia o cargo de prefeito de Curitiba em 2009.

Ficha suja

Só não podem ser candidatos os que, tendo sido condenados em segunda instância, são alcançados pela Lei da Ficha Limpa, que não impede a candidatura daqueles que respondem a processos em primeiro grau ou que ainda não tenham sido condenados em grau de recurso. É o caso de Beto Richa.

Cooperativas chamam Osmar

O sistema cooperativista do Paraná chamou Osmar Dias para reunião terça-feira na sede da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), entidade que representa mais de 70% do PIB agropecuário do Estado. Foi reunião destinada a dissipar dúvidas propagados por adversários de que o setor teria resistências em apoiar seu nome como candidato ao governo do Estado pelo PDT. Embora os dois outros principais candidatos ao Palácio Iguaçu tenham tido fortes ligações com o PT e os Governos Lula e Dilma, a estratégia deles para invadir o território natural de Osmar é insistir em lembrar que nas eleições de 2010 o PDT de Osmar Dias, quando concorreu ao governo, foi apoiado pelo PT. Depois virou vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil e desenvolveu programas de apoio que as cooperativas não esquecem até hoje.