Política

Coluna Contraponto do dia 15 de agosto de 2018

Beto Richa, o sem-sossego

Quando tudo parecia se encaminhar para a calmaria da Justiça Eleitoral, que tirou de Sergio Moro a incumbência de conduzir o inquérito que trata da suposta fraude na licitação da PR-323, eis que o ministro Luiz Fux, do STF, tira outra vez do sossego o ex-governador Beto Richa – agora em razão da Operação Quadro Negro.

Pendurado

O Superior Tribunal de Justiça já tinha baixado os autos para a primeira instância da justiça estadual assim que Beto, ao renunciar ao Palácio Iguaçu em abril, perdeu o foro privilegiado, mas ainda havia “pendurada” no STF outra parte do inquérito da mesma Operação – aquela decorrente da delação premiada do dono da construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, que também envolveu o ex-governador.

Na sala ao lado

Fux, no entanto, em vez de mandar para a Justiça Estadual, preferiu a Justiça Federal. Não cairá nas mãos de Sergio Moro, da 13ª Vara Criminal Federal, que só cuida de casos que envolvam a Lava Jato. E a Quadro Negro é outra coisa. Então, a investigação tende a cair em Vara Criminal que também funciona no mesmo prédio do Ahu onde Moro dá expediente.

Quadro mais negro

A 7ª Inspetoria de Controle Externo do TCE-PR, responsável pela fiscalização do Fundepar (antiga Superintendência de Desenvolvimento Educacional – Sude – da Secretaria da Educação), descobriu que os desvios desvendados pela Operação Quadro Negro não se restringiam apenas à construção de novas escolas estaduais, mas também na reforma.

De volta

Enquanto isso, o Ministério Público Eleitoral (misto que reúne procuradores estaduais e federais) lutam para, pela segunda vez, retirar do Tribunal Regional Eleitoral a competência para julgar o caso da licitação da PR-323. O desembargador eleitoral Luiz Fernando Penteado entendeu que o problema é de mero caixa 2 na campanha de 2014, mas o Ministério Público enxerga o cometimento de crimes correlacionados à Operação Lava Jato, e requer que o assunto seja tratado por Moro.

No Paraguai…

Afundado na má gestão e acusado de “vendedor do país”, o presidente do Paraguai, Horácio Cartes, chegou a 18% nas pesquisas, índice que o impediu até de renunciar ao cargo. Se o fizesse, poderia ocupar uma vaga no Senado com poder de voto, mas foi impedido pelo Congresso. Ainda nesta semana assume Mário Abdo, da ala jovem do partido conservador.

Igual aqui

Comparada ao Brasil, a situação de Cortes leva a Michel Temer. Se o vice de Dilma Rousseff tivesse 18% nas pesquisas seria candidato à reeleição e faria tantos acordos e alianças que chegaria, fácil, ao segundo turno. Aqui, a autoridade, por mais rechaçada, não tem vergonha nem da rejeição. Confia nos pactos antirrepublicanos e “vamo que vamo”. Enquanto isso, Richa não consegue sossegar.

Gleisi queria ser vice de Lula

“Lula mandou Gleisi Hoffmann, presidente do PT, calar a boca. Ela já falou demais por ele desde que Lula foi preso há mais de 120 dias. Passou os recados mandados pelo chefe, mas também disse grossas besteiras. Lula aproveitou as visitas que recebeu ontem para avisar: doravante, Fernando Haddad, seu vice, é o porta-voz dele, a voz dele, as pernas dele, falará em nome dele e o representará em viagens pelo país obedecendo às suas ordens”, ordenou Lula, segundo escreve o jornalista Ricardo Noblat no blog que mantém na revista Veja em edição digital. Noblat explica que a gota d’água aconteceu quando Gleisi começou a manobrar para ser ungida vice de Lula e, por consequência, tornar-se a candidata do PT à Presidência da República, quando Lula se tornar oficialmente inelegível com atestado passado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e eventualmente por outras instâncias do Judiciário brasileiro.