Reportagem: Juliet Manfrin
Toledo – De um lado a APP-Sindicato e comunidades escolares afirmando que em breve dezenas de escolas públicas estaduais do Paraná deverão ser fechadas, de outro o Estado, que, por meio da Seed (Secretaria de Educação e Esportes), afirma que tudo não passa de levantamento e que nenhuma decisão será tomada sem amplo debate e entendimento com a comunidade escolar. Essa discussão ganhou corpo esta semana.
Na semana passada, pais, alunos e professores de Toledo iniciaram uma mobilização pelo não fechamento do Colégio Estadual do Campo de Ouro Preto, no interior do Município. Por lá, educadores e moradores afirmam que a ordem é que a estrutura já não acomodará estudantes a partir de 2020.
Isso deve se estender para parte das 97 unidades do campo com baixo número de matrículas, distribuídas nos Núcleos Regionais de Educação de Toledo, de Assis Chateaubriand, de Cascavel e de Foz do Iguaçu.
Ocorre que, segundo a APP-Sindicato, colégios na cidade também correm o risco de terem as portas fechadas.
Uma reunião no início desta semana entre diretores de escolas e representantes sindicais e depois com a Seed, em Curitiba, tratou do polêmico assunto.
Em tom de desabafo durante reunião na APP-Sindicato, uma diretora conta que foi notificada no dia 17 de setembro que sua escola seria fechada e que os professores teriam até as 17h daquele dia para se inscreverem no concurso de remoção. “Não foi digno, não foi justo e não foi honrado o modo como isso aconteceu. Assumi o colégio em 2015 com quase 500 alunos e, de lá para cá, ano a ano, nós perdemos incentivos e investimentos em uma série de programas. Perdemos o ensino de línguas, perdemos o nosso ensino médio noturno (mesmo tendo alunos para lotar salas) e perdemos nossas oficinas de contraturno. Hoje tenho 180 alunos e sinto revolta ao ouvir que vamos fechar por falta de estudantes porque eu sei que essa não é a realidade. Se o colégio perdeu matrículas, foi porque o Estado nos forçou a perder qualidade”, lamenta a diretora do Colégio Estadual Zacarias, que fica na capital, professora Raquel Arpini.
O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, disse que essa não é a primeira vez que o assunto vem à tona e cita movimentação similar em 2015. “Naquele ano se falava que o governo fecharia cerca de 180 colégios no Paraná, depois se falou em cerca de 70… Hoje não temos estimativa, mas formalizamos à Seed o pedido: queremos saber quantas escolas estão na iminência de fechar no Paraná”, revela, e critica: “Isso vem sendo feito de forma arbitrária, autoritária”.
Sem matrículas
O líder sindical destaca ainda que, apesar de haver a negativa do Estado sobre fechamentos, muitas unidades por todo o Paraná devem deixar de aceitar, por recomendação da Seed, as matrículas para os anos iniciais do em ensino fundamental e médio, ou seja, de 6º ano do ensino fundamental e do 1º ano do ensino médio. “Isso pode até não ser um fechamento imediato da escola, mas em curto prazo representará a interrupção das atividades porque não são realizadas novas matrículas”, explica.
Outro lado
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte do Paraná disse que o fechamento do Escola Estadual do Campo Ouro Preto não procede. “Nesse momento, é realizada apenas a coleta e a organização de dados para o planejamento do ano letivo de 2020. Importante, ainda, esclarecer que a secretaria, com os Núcleos Regionais de Educação, promove ampla discussão com a comunidade escolar antes de realizar qualquer mudança em escolas estaduais, de modo que não há tomada de decisão unilateral”.
A APP-Sindicato aguarda a resposta formal da Seed para definir novas ações.