A imprensa nacional repercutiu ontem (31), o inquérito militar que investiga os ataques ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro que apontou “indícios de responsabilidade” da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). O inquérito está em sigilo, porém, foi acessado pelo jornal Folha de S.Paulo, não cita nomes de militares e menciona o Departamento de Segurança Presidencial. Na época dos atos, a Secretaria era liderada pelo general Carlos Feitosa Rodrigues — nomeado em 2021, pelo general Augusto Heleno e mantido pelo ministro indicado por Lula, o também militar e general Gonçalves Dias. O diretor do Departamento também foi indicado por Heleno e permaneceu sob a gestão de “G. Dias”.
Segundo o relatório, se tivesse um “planejamento adequado” no início do governo do presidente Lula (PT), os ataques poderiam ter sido evitados. Ainda de acordo com o relatório, era obrigação da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial “buscar informações indispensáveis ao planejamento de ações preventivas”, junto a Agência Brasileira de Inteligência e com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. O inquérito também revela que o número de militares era menor do que o disponível no dia 31 de julho de 2022, quando Bolsonaro convocou apoiadores contra o Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, havia 110 membros das Forças no local, o triplo do enviado pelo Comando Militar do Planalto em 8 de janeiro: 36.
“Desta forma, é possível concluir que, sendo realizado um planejamento das ações de segurança adequado, com o acionamento de valor de tropa suficiente, a execução das ações de segurança por parte das tropas do CMP teria melhores condições de êxito”, diz a investigação. Para os militares responsáveis pelo inquérito, as tropas não tinham condições de reagir ao ataque por falta de planejamento. “Nesse sentido, a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada ou minimizado os danos patrimoniais sofridos”, reforçam.
Em abril, o então ministro-chefe do GSI, Gonçalves Dias, pediu demissão. A decisão de sair do governo ocorreu após vazarem imagens dele e de agentes da pasta interagindo com os vândalos no dia dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A presença de militares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro no GSI causou incômodo em alas do governo nos primeiros meses da gestão petista, com alguns chegando até a cogitar a extinção da pasta.
Desde do início do ano, mais de 80 militares e servidores civis foram exonerados do Gabinete. Além disso, embora a segurança presidencial tenha permanecido no bojo do GSI, o trabalho agora conta a participação da Polícia Federal.
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