Política

7 de cada 100 alunos estão fora da escola

Enquanto no Município de Cascavel os encaminhamentos sobre evasão escolar têm relação direta com a falta de atenção dos pais, na rede estadual os números são mais preocupantes: somente em 2017, 6,68% dos estudantes foi encaminhado ao PPCEE (Programa de Prevenção e Combate à Evasão Escolar), o que representa 2.311 alunos dos 34.584 matriculados.

De acordo com o coordenador do Programa, José César Sagrillo, os motivos em geral estão relacionados ao mercado de trabalho e também ao envolvimento com drogas. “Na rede estadual nós já temos muitos adolescentes que na faixa dos 16 e 17 anos precisam entrar no mercado de trabalho para ajudar em casa e isso os afasta do ambiente escolar. Outra questão é o envolvimento com drogas. Às vezes como usuário, outras vezes na venda. São casos que precisam ser acompanhados de perto pelo Programa, para tentar reverter a situação”.

De acordo com o relatório do Programa, nos sete primeiros anos de análise, apenas na rede estadual houve atendimento a 16.208 jovens evadidos em Cascavel.

Instituições

Em Cascavel, os colégios estaduais que mais registraram encaminhamentos em 2017 foram: Padre Pedro Canísio Henz (177 casos); Jardim Interlagos (158) e Eleodoro Ébano Pereira (147).

No interior, os números são inferiores, e a maior incidência é do Colégio do Campo Rio do Salto, com 19 encaminhamentos.

O oitavo ano é o que mais apresentou casos, com 320 encaminhamentos, e o 1º ano do Ensino Médio, com 462.

A maioria dos encaminhamentos é de alunos com 17 anos, com 646 casos (19,3%), seguido de alunos com 16 anos (537 – 15,8%) e de 15 anos, com 405 encaminhamentos, equivalente a 12,1%.

Redes de Proteção

Durante o atendimento às famílias e aos educandos, outras vulnerabilidades que interferem de forma direta são identificadas e então é feito o encaminhamento às redes de proteção, que podem auxiliar em cada caso.

Em 2017, dos 3.381 casos registrados pelo Programa, 2.227 foram encaminhados para as redes de proteção, sendo 976 aos Conselhos Tutelares, por conta de situações como: família que não compareceu em atendimento; violações de direitos como união estável com adolescentes de até 14 anos, ausência de vagas em instituições escolares, evasão de serviços como família acolhedora e unidades de acolhimento, fuga de domicílio e suspeita de violência.

Audiência pública

Na audiência pública, que ocorre nesta quarta-feira na Câmara de Cascavel, será discutida a institucionalização do PPCEE (Programa de Prevenção e Combate à Evasão Escolar). A audiência será às 19h e é aberta a todos.

A principal preocupação é torná-lo independente de governos e garantir sua continuidade.

Apesar de considerar positivo o trabalho realizado desde 2011, o coordenador do Programa, José César Sagrillo, acredita que o trabalho em algumas frentes precisa ser aprimorado: “Precisamos ir além dos encaminhamentos. Temos que fazer o acompanhamento dos casos, ver se a questão foi resolvida, se não há reincidência, e fazer trabalho preventivo, de conscientização nas escolas e com os responsáveis pelos estudantes, para que esse problema seja evitado, e os números sejam reduzidos. Mas para isso é necessário mais efetivo, que pode ser viabilizado com a institucionalização do Programa”.