Policial

UPS: confusão continua

Ninguém se entende a respeito das informações da instalação de uma descentralização da polícia no Bairro Tropical, em Cascavel. Depois de muita confusão e até briga de bairros para saber onde a UPS (Unidade Paraná Seguro), que sequer um dia foi confirmado que viria para a cidade, seria instalada, os responsáveis parecem se esquivar do assunto.

O comando-geral da Polícia Militar já disse que as informações estão centralizadas no 5º CRPM (Comando Regional de Polícia Militar). Mesma informação dada quando a reportagem solicita informação ao 6º BPM. Na manhã de ontem, o comandante do 5º CRPM coronel Washington Lee concedeu uma coletiva, para falar sobre a segurança durante a passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região, e foi questionado a respeito da UPS, que na verdade não é UPS, conforme já confirmado pelo secretário de Segurança Pública Júlio Reis, que reconheceu que a região não se encaixa nos quesitos do programa.

Na entrevista, o comandante Lee deixou claro que o local nem seria um destacamento policial, e não teria objetivo de que ser ponto de saída dos policiais com viaturas. “Apenas um espaço para que os militares possam trocar de roupa, usar o banheiro ou tomar um café”, garantiu.

Mas não foi bem isso que se viu durante o dia. Por várias horas, dois policiais, um sargento e um soldado, permaneceram no local, na Rua Flamboyant, não só com uma viatura estacionada na calçada, mas com um radiocomunicador dentro das instalações, para “copiar” as chamadas de ocorrências. Eles não quiseram repassar informações a nossa reportagem.

À tarde, a assessoria do 5º CRPM disse que no local haverá uma descentralização conforme anunciado pela Sesp e que agora está na fase final de viabilizar isso, e por isso havia movimentação no local.

Pedido de respostas

A comunidade e alguns vereadores continuam pedindo respostas com relação ao porquê da instalação de policiamento “exclusivo” para uma região que sequer é violenta. O Bairro Santa Cruz, por exemplo, que reivindica a UPS na região, é 17 vezes mais violento que o Tropical e o terceiro mais violento de Cascavel, atrás apenas das duas regiões em que já existe UPS: Norte e Sul, respectivamente.

Na semana passada, uma denúncia foi protocolada no Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado) pelo vereador Fernando Hallberg, dando conta de um possível desvio de finalidade da UPS, que de acordo com o site do próprio governo do Estado, deve ser colocada em um bairro com alta taxa de criminalidade. O que não é o caso do Bairro Tropical.

Segundo o Gaeco, a denúncia ainda será analisada e a promotoria tem 30 dias para dar encaminhamento ou não ao caso. “Queremos saber, principalmente, sobre essa arrecadação de dinheiro da população. Foi dito que havia uma parceria público-privada. Mas que parceria? Onde estão as atas das reuniões? Cadê o contrato da UPS?”, questiona Hallberg.

Parceria público-privada?

Na denúncia, foi anexado um documento que foi entregue à comunidade do Bairro, afirmando que a UPS seria construída no local, na Rua Flamboyant, e pedindo ajuda financeira para bancar a reforma e manter a unidade. Mesmo sem ter certeza de que a UPS seria colocada ali. A casa fica no Bairro Tropical, em que a reforma foi bancada pela comunidade e que inclusive a associação de moradores confirma que vai pagar as demais despesas como água e luz.

O documento deixa claro que, em contrapartida, o Estado forneceria 20 policiais, três viaturas e três motocicletas. A informação extraoficial é de que se investiu R$ 100 mil apenas para a reforma da casa, o que não foi confirmado pela associação. Porém, em momento nenhum o Comando-Geral confirmou que a UPS estava garantida para a cidade.

“É uma vergonha para um governo, que tem responsabilidade de fazer segurança para o povo, e estão brincando com relação a isso. O governo foi omisso em atender a demanda de um deputado, que não reconhece onde realmente precisa de segurança em Cascavel”, desabafa o vereador Alécio Espínola, que deve usar a tribuna hoje, durante a sessão da Câmara, para falar sobre o assunto.

Sem manifestação

A reportagem do Hoje News procurou, novamente, via email, informações com a Sesp (Secretaria de Segurança Pública) e com o comando-geral da Polícia Militar a respeito do assunto, e não recebeu resposta até o fechamento desta edição.