Catanduvas – Os problemas envolvendo a não efetivação da progressão e da reestruturação da carreira, além da falta de efetivo no sistema prisional federal que levou agentes a abandonarem as chefias informais há poucos meses, têm um ingrediente extra. A falta de efetivo que já era um problema a ser administrado no presídio federal de segurança máxima em Catanduvas piorou com a designação de parte dos profissionais para o quinto presídio federal, inaugurado em outubro em Brasília.
Sem a realização de novo concurso público, os agentes que estão em serviço na capital federal foram realocados dos presídios de Catanduvas, de Mossoró, de Campo Grande e de Rondônia. Por questões de segurança, o Ministério da Segurança Pública não informa quantos deles foram levados para lá, mas o apurado pela reportagem indica que são pelo menos 20 dos que atuavam na região oeste do Paraná.
Outro ponto que chama atenção é que o efetivo estrangulado foi designado para funções em Brasília para guardar apenas três presos. São todos faccionados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), considerados de alta periculosidade, importantes na linha de comando e que foram flagrados em outras unidades federais articulando ataques com explosão de carros em capitais brasileiras e articulando sequestros e atentados contra agentes públicos de segurança.
A investigação que desmantelou esse esquema teve início em Cascavel, logo após a morte do agente federal Alex Belarmino, em setembro de 2016, e tomou corpo com o assassinato da psicóloga do presídio Melissa Almeida em maio de 2017. As investigações seguem em curso rastreando a operacionalização de ações, consideradas por forças de segurança como atentados terroristas. Levar os detentos para a nova estrutura é uma forma de deixá-los totalmente isolados de suas cadeias de comando.
O presídio recém-inaugurado, que custou aos cofres da União R$ 45 milhões, servirá para complementar o sistema prisional federal. Ocorre que em nenhuma das unidades federais já existentes há superlotação. Há, inclusive, um número relativamente expressivo de celas vazias, inclusive em Catanduvas, onde já passaram e estão presos considerados de maior periculosidade nacional e até mesmo da América do Sul. O presídio que tem capacidade para 208 detentos em celas individuais, além de outras 12 de isolamento, abriga nos últimos meses em torno de 160 detentos.
O Ministério da Segurança Pública foi procurado, mas não se manifestou sobre a transferência e a falta de efetivo.