Cascavel – Um dia depois de o Jornal O Paraná denunciar o iminente risco de os presos “virarem” as penitenciárias de Cascavel (PEC e PIC), equipes da SOE (Seção de Operações Especiais) interceptaram o que parece ser um croqui de um plano de rebelião.
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Presos ameaçam "virar" penitenciárias de Cascavel
O desenho feito à caneta traça todos os setores da PEC. A informação de agentes é de que o papel seria entregue para familiares de detentos para facilitar lançamento de objetos como celulares, armas e drogas, que montam o conhecido “kit cadeia”.
O “mapa” tinha ainda outra finalidade, conforme informações obtidas com exclusividade pela reportagem de O Paraná. A intenção dos presos era tomar a penitenciária em nova rebelião. O croqui foi preparado por um preso responsável pela limpeza, que conhecia a fundo todos os cômodos da cadeia, pois ele trabalhou em uma das reformas.
De acordo com o Depen (Departamento Penitenciário), o mapa apreendido foi analisado pelo Setor de Inteligência. O departamento afirma que a PEC tem câmeras de monitoramento que registram toda a movimentação externa justamente para inibir a entrada de materiais ilícitos, além do auxílio da Polícia Militar, que faz rondas externas, e a SOE, que atua com base no local o tempo todo. O Depen garante que neste ano não houve registro de tentativa nem arremesso de materiais ilícitos na unidade. Por outro lado, agentes garantem que é impossível o monitoramento integral do pátio da PEC.
Há poucos dias, a SOE encontrou um buraco aberto por detentos na parede de uma das celas que estava sendo preparado para uma fuga em massa, além de diversas armas artesanais feitas pelos detentos.
Ameaça de motim
Apesar de todos os indícios darem conta de uma preparação para uma rebelião na PEC, o Depen alega que não recebeu denúncia nesse sentido. Já os agentes penitenciários afirmam que fazem relatos frequentes do risco.
Desde a última rebelião, em novembro passado, a estrutura permanece precária e os detentos estão amontoados. O departamento reforçou que reparos emergenciais foram realizados com recursos do Fundo Rotativo do Departamento, obra feita por presos da PIC, mas que não resolveu o problema.
Agora duas empresas foram contratadas para fazer a reforma mais ampla, do telhado e da rede elétrica, no valor de mais de R$ 600 mil. O Departamento afirma, ainda, que a reforma do telhado começou na semana passada e que a empresa contratada para consertar a rede elétrica iniciará o serviço nesta semana. A previsão é de que tudo termine até setembro deste ano.
Queixas
Com as galerias ainda destruídas, os cerca de 700 presos estão amontoados na PEC. Celas para cinco pessoas “acomodam” 16 detentos. Além da superlotação, há falta de efetivo de segurança. O preconizado seria um agente para cada cinco detentos. Mas a realidade é outra: há 30 detentos para cada profissional.