Ela foi uma das corporações mais aplaudidas durante os desfiles de 7 de Setembro, tem respeito quase que unânime devido à Lava Jato, mas nem tudo é glamour nas delegacias da Polícia Federal Brasil afora.
Na Delegacia de Cascavel, por exemplo, a estrutura inaugurada em junho de 2006 e que abrange 63 municípios convive diariamente com inúmeros problemas desde os estruturais, falta de efetivo, excesso de trabalho, sucateamento, não pagamento de adicional de fronteira até o mais recente – e preocupante – com as ameaças frequentes de grupos criminosos como o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Para comemorar os 24 anos da facção criminosa, ela determinou a morte de agentes de segurança com nome, sobrenome e cargo. Os assassinatos ainda não aconteceram, mas os agentes “sabem” que é só uma questão de tempo e de organização logística dos criminosos.
Ao menos metade dos “marcados para morrer” são da região e a explicação é uma só: por aqui o PCC está bem estruturado. Além disso, não há segurança alguma aos agentes federais. “Todos os dias fazemos uma verdadeira operação de guerra para sair de casa e quando saio fico receoso imaginando o que pode acontecer com a minha esposa e os filhos. Quando saio, dou uma volta no quarteirão armado para ver se não tem ninguém de tocaia, só saio após o portão fechar completamente, porque não sabemos o que essas pessoas podem fazer com as nossas famílias”, relata um agente.
Segundo o apurado pela reportagem, praticamente todos dos quase 60 profissionais que atuam na delegacia de Cascavel – número que já passou de 100 em outros períodos – querem deixar a cidade e ir para regiões consideradas mais seguras. E a debandada tem data para ocorrer: assim que sair o chamado concurso interno para remoção.
“Além de todos os problemas que somos obrigados a conviver, não encontramos respaldo e amparo do governo. Estamos sozinhos e nos protegendo da forma como podemos, mas é extremamente crítico trabalhar o tempo todo sob esse tipo de pressão, pois sabemos que mais cedo ou mais tarde alguém vai morrer, basta um momento de desatenção. Deixamos de ter vida social, de sair com a família, porque sabemos que os ‘caras’ não vêm para brincar”, desabafa outro agente.
“Enquanto eu tenho uma pistola, esses criminosos vêm com fuzis”, relata outro policial. Na delegacia de Cascavel, inclusive, não existe fuzil para todo o mundo. A própria estrutura da delegacia passou por adequações nas últimas semanas para ficar mais segura após as ameaças do PCC.