Policial

PCC ainda domina PEC

Em 2014, em 48 horas de terror na PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) os presos mostraram quem manda no presídio: o PCC (Primeiro Comando da Capital). Quatro anos depois, a situação é a mesma. Tanto que tão logo concluída a construção do “motelzinho” onde ocorrem as visitas íntimas dos presos, o líder da facção foi tirado da sela para “conferir” se estava tudo do seu agrado.

A direção não nega o comando, pelo contrário, ressalta que as facções criminosas tomam conta da unidade: “Se o preso não é de facção criminosa, ele diz ser, principalmente para ganhar respeito dentro da unidade. Eles agem em grupos, em diversos crimes, tudo para ressaltar a atividade principal do tráfico de drogas. E se eu tiro daqui um líder de facção hoje, ele já tem uma hierarquia de quem vai assumir no lugar dele”, revela Valdecir Glalik, diretor da PEC.

 

Sem punição

Hoje completa quatro anos de uma das mais violentas rebeliões da história do Paraná. Foram cinco mortes com requintes de crueldade e 25 feridos. Até hoje o Ministério Público tenta responsabilizar os 33 presos que teriam sido os articuladores do motim, mas sem sucesso. A denúncia já bateu na porta da Justiça de Cascavel e no Tribunal de Justiça sem sucesso.

O processo tem mais de mil páginas que relatam diversos crimes: homicídio, dano ao patrimônio público, tortura. E, apesar da gravidade do cenário, os responsáveis ainda não foram punidos.

Falta de efetivo

Em 2014, o Sindarspen (Sindicato de Agentes Penitenciários do Paraná) já considerava o número de agentes insuficiente para a quantidade de detentos. A situação, segundo o Sindicato, piorou ao longo dos anos. “Em 2009 tínhamos um plantão com 64 funcionários trabalhando ao mesmo tempo. Hoje, estamos com 28. O ideal seria ter 70 agentes por plantão”, ressalta o diretor-executivo do sindicato em Cascavel, Thiago Correia.

Para a direção, a falta de efetivo trata-se de um problema histórico e que ocorre em todas as unidades.

Celas superlotadas

De acordo com a direção da PEC, 830 presos ocupam dois blocos da cadeia. O terceiro bloco está isolado para reforma. De acordo com o Sindarspen, o ideal seria que a estrutura tivesse apenas 576 detentos. O ideal para cada cela é ter seis presos, mas, em alguns locais, segundo agentes penitenciários, há até 12 detentos.

Reforma

A gestão do Governo Beto Richa se enrolou para a conclusão da reforma da unidade destruída há quatro anos e a obra foi entregue apenas em 2016. Depois da rebelião de novembro do ano passado, outra reforma foi licitada, começou e deve ser concluída no fim de setembro. “Finalizamos há poucos dias o ‘motel’, disponibilizando 12 salas para visitas íntimas, e agora estamos trabalhando no ambulatório e no centro médico. Depois, vamos terminar a reforma da escola, vamos construir uma horta e aí partimos para a reforma do terceiro bloco, que está isolado”, explica o diretor da PEC, Valdecir Glalik.

Alguns detentos estão ajudando na pintura dos espaços e parte da reforma está sendo bancada por doações da comunidade.

Audiência por vídeo

Ontem uma novidade foi estreada na cadeia. Sete presos fizeram uma audiência por vídeo com a Vara de Execuções Penais, de Cascavel. As audiências serão realizadas em uma sala improvisada, um dos locais em que a reforma está terminando, com câmera e equipamentos que a administração da unidade conseguiu por meios próprios.

De acordo com a direção da unidade, o sistema, que já funcionava na PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel), vai facilitar as audiências e também poupar recursos como polícia para escolta e viatura do Depen para transportar os presos até o Fórum Estadual.

O motim

 

No dia 24 de agosto de 2014 os presos tomaram a PEC e durante 48 horas o Brasil assistiu a cenas de horror: presos sendo decapitados e as cabeças expostas no alto dos telhados do presídio destruído.