Cascavel – Um dos crimes que mais chocou e comoveu a sociedade cascavelense foi julgado ontem, a portas fechadas. Giulia Albuquerque, apontada como uma das responsáveis pela morte da pequena Maria Clara Zortea, de apenas 6 anos, foi condenada a 59 anos de prisão. Além do homicídio, duplamente qualificado, ela ainda foi condenada pelos crimes de tortura e cárcere privado.
O julgamento ocorreu no Tribunal do Júri e, por tramitar em segredo de justiça, contou apenas com a participação dos jurados, advogados de acusação e defesa, promotor e juiz. Até mesmo as testemunhas do caso foram dispensadas. Familiares de Maria Clara, assim como a imprensa, também foram impedidos de acompanhar a sessão.
De acordo com o Ministério Público, o juiz responsável pelo caso determinou o sigilo pelo fato de o caso envolver outras crianças, que também foram mencionadas durante o julgamento. O processo refere-se a duas crianças, uma delas morta e a outra não. Durante o processo, outras pessoas que também foram vítimas da ré, compareceram à delegacia, testemunharam contra ela, comentou o promotor Alex Fadel.
Do lado de fora do Fórum, familiares aguardavam pelo fim do julgamento. Dentre eles estava Adão Ramos do Nascimento, avô de Maria Clara. Clamando por justiça, o homem falou que ainda é difícil aceitar a ausência da neta. Não é fácil perder uma neta que a gente criou desde pequena. A gente queria a guarda dela, mas a Justiça dizia que ela era a mãe e tinha direito de ficar com a filha, lamentou Adão.
O homem revelou que, apesar de perdoar a filha, Vanessa Ramos do Nascimento, que também foi acusada da morte de Maria Clara, não consegue conviver com ela. Se Deus deu o perdão, a gente tem que perdoar, mas conviver junto é difícil. A gente se apega a Deus, porque só ele para resolver. Sem ele seria impossível, disse.
Relembre o caso
O corpo da pequena Maria Clara Zortea foi localizado pela polícia em um matagal na cidade de Santa Tereza do Oeste. O crime teria ocorrido em março de 2014, mas os restos mortais da criança só foram localizados no mês de julho, após familiares da criança procurarem a Polícia Civil para relatar o desaparecimento. Segundo confessou Vanessa Ramos do Nascimento, mãe da menina, Maria Clara teria sido morta em um ritual de purificação, já que estava possuída por um espírito maligno. Vanessa foi diagnosticada com esquizofrenia e, por isso, absolvida das acusações. Atualmente, ela está internada no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Giulia Albuquerque também foi submetida a um exame de sanidade mental, mas um laudo apontou que ela era perfeitamente capaz de entender e querer o resultado.