Cascavel – O prédio de R$ 6 milhões e com estrutura invejável continua vazio e, depois de promessas não cumpridas do ex-governador Beto Richa que inaugurou o prédio inacabado e garantiu que haveria condições de a estrutura começar a atender os adolescentes depois de 30 dias da inauguração, o desafio da governadora Cida Borghetti é colocar em funcionamento o local, com mais de 1,5 mil metros quadrados. Já são dois meses da inauguração oficial e, ao contrário do mês passado, que a unidade estava aberta e com fácil acesso, agora os portões estão fechados.
A principal dificuldade a ser vencida agora, de acordo com o governo do Estado, é a instalação da rede lógica, que garante o monitoramento da unidade.
O problema é que, de acordo com a assessoria, esta etapa não foi realizada ainda porque não há número suficiente de empresas na cidade para fornecer o serviço e são necessários, por lei, pelo menos três orçamentos base para fazer a licitação. A equipe jurídica do Estado tenta viabilizar a contratação do serviço com apenas dois orçamentos, já que a prioridade é que empresas perto de Cascavel sejam contratadas, em razão dos custos envolvidos, da segurança e da agilidade para manutenção do sistema em caso de falha. Essa é uma etapa a ser concluída para que os adolescentes sejam transferidos.
A contratação de educadores também está no gatilho. Do concurso ainda em vigor, serão chamados 36 novos profissionais e os nomes serão divulgados nos próximos dias.
Oba oba
A nova estrutura foi inaugurada no dia 23 de março pelo então governador Beto Richa sem sequer ter sido concluída. Ainda faltavam serviços como pintura. A promessa era colocar para funcionar o local em 30 dias, em substituição ao prédio antigo, que é deteriorado e já foi alvo de vários pedidos de interdição.
Sem pessoal
O prédio antigo do Cense 1 tem 27 profissionais para trabalhar com 24 adolescentes. Na nova estrutura, para atender a 40 vagas de internos, seriam necessários 67 profissionais ao todo, fora os mais de 20 que estão em falta no Cense 2, que fica ao lado.
Ao longo dos anos, os Centros de Socioeducação vêm perdendo servidores para outros concursos e, apesar de terem aprovados remanescentes do último concurso, o governador Beto Richa deixou as contratações de lado e o trabalho de socioeducação, em si, ficou comprometido. Serviços básicos, como deslocamento dos adolescentes de uma sala para outra, ou do ginásio para os compartimentos, são realizados com número de funcionários reduzido. Uma educadora do Cense relata essa dificuldade: “Do ginásio de esportes, eles vieram acompanhados apenas pelo diretor e chegaram à escola, onde eu estava cuidando das portas. Eram dez meninos. Deveria haver oito agentes para recebê-los, mas eu estava sozinha”, denuncia.