RIO A Polícia Civil informou que um corpo que pode ser do turista australiano Rye Hunt, desaparecido desde o dia 21 de maio, foi encontrado na manhã desta quarta-feira na orla de Maricá, na Região dos Lagos. De acordo com Ellen Souto, titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros, o corpo foi encaminhado para perícia onde passará por análise de DNA.
O CASO
Segundo investigadores, Rye e o também australiano Mitchell Sheppard, de 22 anos, com quem chegou ao Rio em 16 de maio, usaram uma droga conhecida como MDMA. Os dois a consumiram no hostel Lapa Design na noite do último dia 20. Em seguida, eles foram a uma festa na casa noturna Raízes da Lapa, onde, de acordo com o dono do estabelecimento, tiveram um surto psicótico:
Os australianos estavam em um canto da casa muito drogados, achando que todos queriam matá-los. Tentei acalmá-los. Eles não queriam ir embora de tanto medo que sentiam. Por isso, já de manhã, eu e quatro seguranças levamos os dois até o hostel. Com semblante muito sério, Rye disse para mim: Se alguma coisa acontecer comigo, quero que você esteja em meu testamento.
Rye e Mitchell chegaram ao hostel bastante exaltados, de acordo com um vigilante. Eles teriam ficado com receio de entrar no quarto compartilhado no qual estavam hospedados. Foi necessário chamar a PM para que se acalmassem.
Eles foram se acalmando aos poucos. Os policias conversaram com eles e explicaram que, se não parassem de gritar, teriam que retirá-los do hostel disse uma funcionária, que pediu para não ter o nome divulgado. Foi assustador, muitos hóspedes acordaram com os gritos dos dois.
Os amigos teriam acordado por volta das 13h e, ainda nervosos, decidiram ir embora do Rio: pegaram um táxi para o Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão, numa tentativa de antecipar uma viagem à Bolívia, prevista para três dias depois. Mas, enquanto tentavam trocar as passagens, Rye, ainda em surto, acreditou que Mitchell estaria tentando matá-lo e fugiu para Copacabana, onde alugou um apartamento.
Um pescador confirmou ter visto Rye na Ilha de Cotunduba, localizada a cerca de 900 metros da Pedra do Leme no dia 22. Ele reafirmou que o estrangeiro estava com vários ferimentos e parecia transtornado: queria água e dizia que havia chegado ao local nadando. Apesar disso, não teria pedido ajuda para ir embora.
BUSCAS NO MAR
Equipes da Marinha realizaram buscas na orla da Zona Sul do Rio, mas não encontraram pistas do australiano. No Rio para ajudar na investigação sobre o caso, o tio e a namorada de Rye, Michael Wholdhan e Bonnie Cuthbert, disseram na sexta-feira que ainda esperavam encontrá-lo com vida.
Obviamente, estamos apreensivos, mas, ainda assim, muito esperançosos. A esta altura é difícil falar sobre expectativas, porém espero que ele esteja vivo e saudável em algum lugar afirmou Bonnie.