Estudo recém-divulgado revela que a mulher vítima de violência doméstica tem oito vezes mais de chance de morrer que as demais. E isso dentro de casa.
O dado chama a atenção especialmente frente ao endurecimento das leis contra agressores. Medidas protetivas, Patrulhas Maria da Penha, prisão àqueles que desobedecerem as ordens de ficar afastado. Ou seja, a punição aumentou, então por que ainda morrem tantas mulheres no Brasil?
Talvez porque o foco da ação ainda esteja invertido. Claro que punir com rigor pode estimular um pouco de bom senso no agressor, mas não são raros os casos em que o homem se mata após tirar a vida da sua vítima. Ou seja, para eles, é mais importante “punir” a mulher do que sua própria vida. Entre matar e morrer, preferem matar e morrer.
Isso revela que o combate à violência doméstica precisa se voltar à outra ponta, à prevenção. E, quem sabe, dirigir esforços ao agressor. Afinal, por que ele bate? Por que ele tem a gana de matar alguém que ele já amou ou que ainda ama? Muitas vezes, a mãe dos seus filhos…
São perguntas ainda hoje pouco esclarecidas. Fato que crianças criadas em ambientes violentos tendem a tolerar mais a violência e até a repeti-la. Ou seja, filho de pai agressor será um adulto agressor. Filhas de mães agredidas se tornarão vítimas dos seus companheiros. Esse comportamento parece se perpetuar.
Mas existe mais do que isso. Por que as mulheres ainda têm tanto medo de denunciar o agressor? Por que não se sentem seguras? Será que é porque a rede de atendimento é falha?
Claro que evitar a morte é a prioridade, mas imagine quanta violência foi suportada até que o algoz dê seu golpe fatal. Se queremos mesmo mudar esse cenário, é preciso tirar o véu que insiste em tapar nossos olhos.