As causas dos distúrbios sexuais são múltiplas e, muitas vezes, várias delas costumam estar interligadas. As Constelações Familiares mostram com certa frequência essa situação ligada a lealdades. Por exemplo, em um segundo relacionamento no qual um dos parceiros abandona o primeiro devido a alguma desgraça, como uma doença fatal, incapacitação por acidente, falência financeira etc., a culpa sentida por se separar pode acabar indisponibilizando essa pessoa na relação seguinte.
Outras vezes, a indisponibilidade pode estar ligada a um desejo inconsciente de expiar um aborto. Em um trabalho de terapia de casal, nós nos deparamos com uma mulher em processo de separação do segundo marido. Nas conversações terapêuticas, ela contou que fizera um aborto aos 14 anos e depois outro, já durante o primeiro casamento, porque fora constatado que o feto tinha deformações físicas graves.
Como estava quase ao final do período reprodutivo e, para não correr o risco de ficar sem filhos, decidiu ter um filho por inseminação artificial com seu marido. O processo resultou em inúmeros abortos. A gravidez foi de alto risco e ela teve que permanecer em repouso.
Durante esse tempo, não suportou a proximidade do marido e o quadro se manteve mesmo depois do nascimento da filha, o que os levou à separação. Casou novamente com um ex-namorado da juventude, mas, pouco tempo depois, a mesma dificuldade de intimidade se mostrou. Nesse caso, ficou claro que o motivo sistêmico da indisponibilidade estava ligado aos abortos.
A lealdade na linha de irmãos também pode afetar a disponibilidade sexual e a intimidade. É o caso de uma mulher que tem um irmão deficiente mental. A Constelação Familiar mostrou que a dinâmica detrás dessa indisponibilidade sexual e dificuldade de intimidade era a seguinte: “Por solidariedade a você, eu também permaneço só…”
Por lealdade ao irmão deficiente, inconscientemente a mulher se proíbe de ser feliz. Nesses casos, as Constelações costumam mostrar que a pessoa deficiente, que já se sente um peso para família, sente-se ainda mais em dívida com uma atitude como essa, de não se disponibilizar para o parceiro.
Uma raiz sistêmica muito comum detrás da falta de disponibilidade sexual e de intimidade está associada a abusos sexuais sofridos durante a infância. O medo e a dor sofridos na infância, depois de adulta, convertem-se em dificuldade de entrega. Não poucas vezes, provoca, inclusive, dificuldades de identificação sexual.
Além dessas possíveis origens sistêmicas, algumas vezes a recusa da intimidade é resultado de uma estratégia bem refletida de um dos cônjuges, mais frequentemente da parte da mulher, cuja dinâmica pode ser resumida assim: “Se ele fizer o que eu quero, também terá sua recompensa!”
Obviamente, detrás dessa atitude também podem estar questões sistêmicas, às vezes de várias gerações atrás, nas quais prevalece a dinâmica das mulheres com “raiva dos homens”, das inúmeras violações do feminino que ainda pesam sobre o masculino. Em não poucas vezes, mostra-se que a mulher cobra inconscientemente essa dívida de seu parceiro.
JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar.
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