As discussões sobre o ensino superior público devem sair da esfera das paixões e da ideologia e serem tratadas com a seriedade que merecem.
Até porque, enquanto o muro ideológico estiver erguido, as argumentações lógicas perderão para acusações, factoides e “verdades” sustentadas pelo ouvi dizer.
Ninguém pode contestar a importância do ensino superior público. Seja no Brasil seja em qualquer lugar. Tanto no viés do estudante, pois para milhões de pessoas é a única alternativa para vislumbrar um futuro melhor, quanto para a pesquisa, com avanços significativos em todas as áreas.
Agora, há, sim, disparidades e absurdos. E muitos. Infelizmente.
É preciso pôr tudo na ponta do lápis, analisar caso a caso, reavaliar alguns conceitos e ajustar as estruturas. Se cobramos eficiência de todos os segmentos públicos, por que não estendê-la às universidades? Afinal, além do nosso dinheiro sendo mal aplicado, muitas outras pessoas não têm oportunidade justamente porque alguns abusam.
Temos exemplo em casa. A Unioeste responde a uma série de processos no Tribunal de Contas do Estado que tenta, há anos, que centenas de cargos comissionados contratados irregularmente sejam dispensados. Isso, somado ao pagamento de gratificações consideradas irregulares, representa quase R$ 30 milhões por ano aos cofres públicos. E se refere a apenas um caso.
Estrutura de cargos, valores de salários, bolsas, dispensas remuneradas, projetos de extensão sem importância são apenas alguns dos pontos que precisam ser colocados às claras e rediscutidos, sob o risco de o ensino superior público caminhar a passos largos para sua extinção por falta de dinheiro.