Marcos Horicawa, a visão que tenho dele é alegre com boa entonação de voz e um repertório que sempre agradava pois ia da música popular brasileira ao sertanejo clássico, passando as vezes por um bolero, assim era o médico que com um sorriso farto era calmo e hábil ao dissecar veias e artérias, ao buscar acessos e instalar fístulas.
Ao assumir a presidência da Associação Médica no início da minha vida em Cascavel, eu era Secretário de Saúde na Gestão Jacy Scanagata e organizei uma Jornada Ginecológia convidando os professores do Instituto de Ginecologia da UFRJ de onde eu era oriundo.
Num sábado pela manhã estávamos reunidos na Câmara de Vereadores, pois não existiam auditórios disponíveis naquela época e convidamos o Marcos, que não compareceu, ficamos tristes, mas o que poderia ter acontecido? Depois soubemos que na mesma manhã de sol forte, na Rua Mato Grosso na Pizzaria “A Taberna” lá estava o Marcos com alguns colegas que sempre se irmanavam num encontro quase religioso sorvendo uma cerveja geladinha na manhã ensolarada de verão. A desculpa? Esquecimento da data. Foi perdoado pois saíra de um plantão exaustivo na noite anterior.
Marcos viveu momentos difíceis como o que estamos vivendo agora na Associação Médica, e resolveu fazer uma rifa de um trator, mas muitos não concordaram, o que um médico vai fazer com um trator?
Eu era um deles, pois tinha uma Variant azul placa PV 1111 que trouxera do Rio, usava à serviço um fusca da prefeitura.
Até hoje não sei quem foi o felizardo (rifa do Trator), se tivera chácara ou fazenda ou azarado que teria que se livrar do prêmio.
Recentemente ligou-me para atender no parto da nora, pois iria nascer sua neta, filha do Junior. Foi uma alegria incontida para toda família.
Revi esta linda criança em visita ao avô, num momento de carinho e afagos no Hospital São Lucas, quando em tratamento.
Lembrei-me das festas das crianças, meus três filhos e os três dele, quando se encontravam nos aniversários, e eram três por ano lá no Mato Grosso no terreno entre nossa casa e a casa do Coronel Aroldo, era um verdadeiro parque de diversões, muitas crianças, quase todas filhas de médicos, mas alguns eram amigos de outras profissões que se divertiam em um grande espaço criado pela Regina, a cunhada que também não está mais neste mundo, vive com outros tantos no mundo espiritual.
Quando soube da notícia de sua doença, arranjei pretexto e fui me consultar, na realidade queria vê-lo saber como estava e deparei-me com o mesmo Marcos de sempre, risonho, alegre e consciente da dificuldade que o esperava. Continuarei orando para a sua evolução, deixou saudades mas como já disse: “Alegres Saudades!”.
Dr. José de Jesus Lopes Viegas
CRM – PR 5279
Presidente Associação Médica de Cascavel