Virou a maior polêmica a proposta de extinguir municípios pequenos e que não arrecadam nem mesmo para pagar suas próprias despesas, e se tornaram dependentes de recursos federais. O assunto não é novo. Volta e meia alguém o tira da gaveta. Inclusive, há dois meses o senador Oriovisto Guimarães lançou essa proposta e até apresentou uma PEC nesse sentido. Também foi enxovalhado.
O mais engraçado, no meio dessa polêmica, é a pergunta: e para onde vão os moradores? Extinguir um município não significa apagá-lo do mapa. As pessoas, as casas, as ruas, os quintais… tudo vai continuar exatamente onde estão. O que muda é que em vez de município B, passarão a pertencer ao vizinho maior A.
Tirando essa dúvida, por que alguém, em sã consciência, vai defender a autonomia administrativa de uma localidade que não se sustenta, gastando com toda uma estrutura que poderia ser bem menor?
Afinal, cada município tem uma prefeitura, com um prefeito, um vice e alguns secretários, além dos funcionários; e tem uma câmara com pelo menos nove vereadores mais assessores. Se fosse um distrito de algum município vizinho, essa estrutura administrativa viraria em um subprefeito e talvez um ou dois vereadores eleitos conforme a força da comunidade.
Por outro lado, muitas vezes, nesses municípios, a prefeitura é a maior geradora de empregos. Se fechasse, para onde esses trabalhadores iriam?
Já com relação aos serviços públicos, como saúde e educação, na prática, não deveria haver alteração, pois existem mecanismos legais que preveem a cobertura populacional. Mesmo que fosse apenas um distrito, a localidade teria direito a posto de saúde e escola.
Um debate de muitas paixões, mas que deveria ter um fator (de peso) excluído: o político. Afinal, essas pessoas não são apenas eleitores tampouco cabos eleitorais, são cidadãos, e precisam ser vistos como tal.