Opinião

A organização das filas do SUS

Por Carla Hachmann

Há um ano, a reportagem do Jornal O Paraná tenta, sem sucesso, acesso à quantidade de pacientes na fila de espera de cirurgias eletivas. Há um ano Estado joga a bola para o Município que devolve a bola para o Estado. Agora, descobrimos que o problema não é apenas com a nossa reportagem. No último fim de semana, dois defensores públicos ajuizaram na Justiça uma ação coletiva contra os gestores do SUS no Estado Paraná.

A intenção é justamente tentar compelir os gestores a desenvolverem e implantarem um novo sistema de gestão da fila dos pacientes à espera de consultas, exames e cirurgias eletivas no Estado.

Os dois foram movidos pelo aumento expressivo do número de reclamações individuais recebidas pela Defensoria ano passado contra a demora de atendimento no SUS.

Na ação, os defensores argumentam que as múltiplas filas de espera do SUS no Paraná, a falta de transparência ocasionada pela não divulgação do andamento das filas e a demora excessiva para atendimento em algumas especialidades médicas atentam contra os princípios da universalidade, da impessoalidade e da eficiência dos serviços públicos. E mais: alertam para lacunas que facilitam a realização de fraudes. Afinal, se ninguém sabe qual é a fila, quem é que decide quem será atendido antes?

A demora nos atendimentos eletivos não é exclusividade dos atuais gestores. O problema é antigo e beira ao absurdo, como pessoas que ficam às vezes oito, nove anos aguardando por uma cirurgia. Ou pacientes que até já faleceram e, enfim, são chamados para o procedimento que nem era urgente.

Contudo, é, sim, responsabilidade da atual gestão corrigir as falhas e melhorar o sistema. Afinal, eficiência começa pela transparência e pela organização. Quem sabe esse “empurrãozinho” ajude a sanar de vez o problema.