Cotidiano

Zwi Skornicki repassou propina da Petrobras, confirma empresário

SÃO PAULO. O empresário Augusto Mendonça Neto, do grupo Setal, confirmou em depoimento ao juiz Sérgio Moro que o engenheiro Zwi Skornicki foi usado para repassar propina para a diretoria de Serviços da Petrobras, comandada pelo PT, em pelo menos dois contratos de fornecimento de plataforma fechados pelo consórcio Fels Setal/Technip, a P-51 e a P-52, por cerca de US$ 1,6 bilhão. Zwi Skornicki responde por corrupção e lavagem de dinheiro por ter repassado U$ 4,5 milhões (R$ 15,2 milhões) a uma conta do publicitário João Santana na Suíça, não declarada no Brasil.

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Mendonça Neto afirmou que o acerto da propina foi feito com o então gerente da Petrobras Pedro Barusco e correspondia a 2% do valor do contrato – cada um deles no valor de US$ 800 milhões. Segundo ele, Zwi ficaria com 1% do valor da propina e 1% seria repassada à diretoria de Serviços da Petrobras – o que corresponde a US$ 16 milhões para cada uma das partes.

Segundo antecipou o GLOBO, Skornicki, que também fechou acordo de delação, afirmou à força-tarefa da Lava-Jato que o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, lhe pediu US$ 4,5 milhões para ajudar a financiar a campanha pela reeleição de Dilma Rousseff em 2014 e que o pagamento foi feito diretamente a Santana. O publicitário também foi o responsável pela campanha de Dilma em 2010 e pela do ex-presidente Lula em 2006.

Mendonça Neto explicou que era sócio do do estaleiro Fels Setal quando os dois contratos das plataformas foram fechados, entre 2003 e 2004. Ao juiz, ele disse que não sabe como os pagamentos foram feitos por Zwi Skornicki à diretoria de Serviços e se teve repasse para o PT, pois deixou a sociedade em 2005.

O empresário contou que o estaleiro fechou um contrato com uma empresa de Zwi Skornicki para repassar a propina. Na época, Zwi era representante comercial do estaleiro e não prestava qualquer serviço na área técnica.

– Ele fazia os contatos com a Petrobras e acompanhava as propostas. Tinha algum entendimento técnico, mas a atuação dele na área técnica não era relevante – disse Mendonça Neto.

Mendonça afirmou que, depois que desfez a sociedade com o estaleiro, a Petrobras fechou mais um contrato para a plataforma P-56 nas mesmas bases dos dois primeiros, por similaridade – o contrato da P-56 foi de US$ 1,6 bilhão.

Segundo o empresário, não havia combinação de preços nas licitações para as plataformas, mas que o estaleiro teve de negociar com Barusco para conseguir fornecer as duas primeiras plataformas, pois não tinha condições de produzi-las simultaneamente. A Petrobras acabou permitindo uma diferença no prazo de seis meses.