Cotidiano

WikiLeaks promete vazar documentos antes de eleições nos EUA

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BERLIM ? O fundador do Wikileaks, Julian Assange, disse nesta terça-feira que pode publicar cerca de um milhão de documentos relacionados a três governos e às eleições presidenciais dos EUA. Ele negou que o vazamento tenha o objetivo de prejudicar a democrata Hillary Clinton na corrida à Casa Branca. A declaração veio no aniversário de dez anos da organização, responsável pelo maior vazamento de material secreto da História dos EUA.

O fundador do grupo disse que os documentos seriam todos publicados até o fim do ano ? e a primeira leva viria já na próxima semana. Além disso, ele voltou a criticar Hillary por ?demonizar? o trabalho do WikiLeaks após a organização ter vazado neste ano conversas entre líderes do Comitê Nacional Democrata. Mas, ainda assim, negou que seu objetivo seja prejudicar a sua campanha para ocupar a Presidência americana.

Assange é acusado de servir aos interesses russos e de apoiar o republicano Donald Trump em sua corrida em direção à Casa Branca, mas diz que tem sido mal interpretado neste sentido. No fim de semana, ele deu uma entrevista ao alemão ?Der Spiegel?, em que afirmou ter também publicado documentos críticos ao presidente russo, Vladimir Putin.

? Não vamos começar a fazer autocensura simplesmente porque há eleições nos Estados Unidos ? disse à publicação alemã. ? Os ataques nos tornam mais fortes.

Assange também sinalizou mudanças nos modelos de organização e financiamento do Wikileaks. Ele diz que o grupo pode se abrir em breve para aceitar novos membros. O grupo busca expandir seu trabalho para além dos 100 veículos de comunicação com os quais trabalha atualmente, segundo seu fundador.

Aos 45 anos, ele continua abrigado na embaixada do Equador em Londres, onde permanece desde 2012 para evitar uma possível extradição para a Suécia. Lá, ele é procurado para ser interrogado sobre alegações de que teria cometido um estupro há seis anos. Assange nega as acusações e diz que teme a extradição aos EUA, onde autoridades conduzem uma investigação sobre as atividades do WikiLeaks.

DEZ ANOS DE WIKILEAKS

Em seu décimo aniversário, o WikiLeaks publicou mais de dez milhões de documentos fornecidos por diversas fontes. Mas críticos dizem que a organização se deixa manipular e, em muitos momentos, não teve discernimento em suas revelações.

Os vazamentos do grupo abalaram mais de um governo, incluindo os Estados Unidos. Em 2010, o site publicou dezenas de milhares de telegramas confidenciais das missões americanas no exterior. E também já vazou informações sobre o funcionamento da prisão de Guantánamo e detalhes das operações militares americanas no Iraque e no Afeganistão.

O exemplo do WikiLeaks foi seguido, nos últimos anos, pelo informático Edward Snowden. Hoje refugiado na Rússia, ele revelou as atividades de vigilância da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) para espionar conversas de outros países ? incluindo dos seus próprios aliados.

Dentre os críticos de Assange, está o informático alemão Daniel Domscheit-Berg. Ele foi porta-voz do WikiLeaks até 2010, até que em 2010 acusou seu mentor australiano de estar ?obcecado com o poder?.

? Contribuímos para uma mudança cultural normalizando a função de vazador ? explica Domscheit-Berg. ? Mas o WikiLeaks está pagando por sua negativa em selecionar os documentos e publicá-los da forma bruta.