Cotidiano

Waldir Maranhão aceita gestão compartilhada na Câmara

maranhaoBRASÍLIA O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-RJ), afirmou na sexta-feira publicamente que não renunciará ao cargo. De acordo com aliados e líderes partidários, ele concordou em fazer ?uma gestão compartilhada? da Casa, com outros integrantes da Mesa Diretora, solução apelidada pelos que criticam sua permanência de ?rainha da Inglaterra?: ele tem o cargo, mas não comandará as sessões de votação.

? Não tem renúncia, sem renúncia. É preciso administrar o país ? disse Maranhão, sem parar para dar entrevista, no caminho até o gabinete da presidência, em dia completamente esvaziado na Câmara.

Maranhão

A solução ?rainha da Inglaterra? vem sendo costurada desde quinta-feira por aliados do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), diante da resistência de Maranhão em renunciar e como alternativa à pressão de PSDB, DEM e PPS para que o cargo da Presidência da Casa seja declarado vago. Para a oposição, a decisão do Supremo Tribunal Federal fala em afastamento por tempo indeterminado de Cunha, até que a ação penal contra ele seja julgada. Como isso não acontecerá antes do fim do mandato, que termina em 2017, é possível declarar a vacância do cargo.

Na quinta, aliados próximos de Maranhão disseram que ele oferecia aos líderes as duas opções: a gestão compartilhada ou declarar a vacância. Na sexta, segundo o deputado Roberto Brito (PP-BA), um de seus aliados mais próximos, decidiu-se pela gestão compartilhada.

? Ele vai fazer uma gestão partilhada, com ele e outros integrantes da Mesa conduzindo a sessão, mas presidirá a reunião do colégio de líderes. As pessoas têm boca, falam o que querem de acordo com sua conveniência. Mas ele não será decorativo, rainha da Inglaterra, nem se sente assim porque participará ativamente de tudo. Talvez na primeira semana não presida as sessões, mas depois vai conduzir também ? garantiu Roberto Brito.

Segundo o deputado, Maranhão irá se adaptar à pressão da condução de matérias:

? O ser humano se adapta a tudo. Na primeira semana, ele deixa o (primeiro-secretário) Beto Mansur (PRB-SP) assumir a sessão. Aos poucos, vai voltando.

Líder do PSC na Câmara, o deputado André Moura (SE) diz que há realmente uma preocupação dos deputados com a dificuldade que Maranhão encontrará para conduzir as sessões de votações, mas qualquer outra solução demoraria muito e, por isso, diz Moura, a gestão compartilhada pode funcionar.

? Teremos duas semanas muito complicadas pela frente, com votações importantes. Ele não quer renunciar, mas aceita ceder a presidência das votações a outros. Temos que trabalhar com o que é possível. PSDB, DEM, PPS são governo agora. Vão obstruir? ? indagou Moura.