Cotidiano

Vovó Zaba e seu legado de Natal

Izabel da Cruz Bonfim, a “Vovó Zaba”, teve uma infância sofrida na roça. Nascida na cidade de Reserva, no Norte do Paraná, casou-se aos 14 anos com Braselino Mendes dos Santos. O casamento, em 1959, foi a maneira que o destino encontrou para amenizar um pouco a vida difícil da jovem e lhe dar novas perspectivas. O amor entre os dois surgiu no primeiro olhar e resultou numa união que duraria a vida toda.

No primeiro ano de casamento nasceu o primogênito: Joanil Reinaldo dos Santos, que junto com o pai sacrificaria sua educação, seus estudos, seus sonhos para pegar no trabalho pesado e ajudar a criar os seis irmãos que viriam em seguida. Na época, era comum famílias grandes, devido a falta de planejamento familiar e controles de natalidade. Joanil, Nair, Ivone, Cleuza, Celso, Jair e Moacir, os sete filhos de Izabel e Braselino cresceram com saúde em dificuldades extremas.

Mudanças

Os anos foram se passando e as mudanças eram constantes atrás de trabalho. Mudaram-se de Reserva para Assaí, depois foram para Iporã, Quinta do Sol, São Jorge do Ivaí, Apucarana, Engenheiro Beltrão, Goioerê e Jaracatiá. Izabel sempre ao lado do marido, cuidando dos filhos menores e suportando todas as dificuldades.

Em 1973, mudaram para Santa Tereza, na época distrito de Cascavel, para trabalharem no ciclo madeireiro. A vida começava a melhorar. Em 1982, mudaram para Cascavel. Aos poucos os filhos foram crescendo e tomando seus caminhos. A mudança da realidade econômica do país beneficiou os mais novos e desprestigiava os mais velhos.

Desafios

Mas a vida reservava muitos desafios para Izabel. Perdeu o irmão mais novo, vitimado de doença cardíaca. Anos após, o filho caçula, Moacir, foi acometido de um câncer aos 19 anos. O diagnóstico era cruel e o câncer raro e mortal. Após o falecimento do filho, Izabel jamais foi a mesma. O sorriso desapareceu do seu rosto por 3 anos, afundados numa depressão e tristeza. A perda foi irreparável para seu coração de mãe.

Na primeira 1h30 do Natal de 2017, a alegria da ceia de Natal da família daria lugar à dor e ao sofrimento. Uma incômoda dor no peito que esteve com ela o dia todo era um pequeno sintoma do que viria levá-la um infarto fulminante aos 75 anos.