Cotidiano

Votação sobre Cunha na CCJ é mais uma vez adiada

Eduardo CunhaBRASÍLIA – Após quase cinco horas de sessão, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara teve que encerrar os trabalhos por conta da abertura da ordem do dia. No plenário, a sessão, convocada pelo presidente interino, Waldir Maranhão (PP-MA), já tem quórum de quase 300 deputados. Com isso, a definição sobre o futuro do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha foi mais uma vez adiada.

Cunha 12/07

A votação do processo que pode cassar o seu mandato em plenário deve ficar para agosto, depois do recesso parlamentar. Mas deputados ainda tentam que a CCJ vote antes do recesso o relatório do deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), que recomenda a anulação da votação final do Conselho Ética, por entender que a forma como foi feita não está prevista no Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

– O que a CCJ está fazendo aqui é um velório político – criticou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

Depois de oito meses de manobras e protelações no Conselho de Ética, onde o relatório que pedia a cassação de Cunha foi aprovado por 11 votos a 9, os atrasos continuam na CCJ, onde aliados do peemedebista tentam atrasar o processo.

O presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR), convocou nova sessão para quarta-feira às 9h30, mesmo dia da eleição para presidente da Câmara.

Apesar do encerramento da sessão, o líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), acredita que será possível votar amanhã o relatório.

– Tenho certeza que amanhã conseguiremos aprovar o requerimento de encerramento de discussão e liquidar essa fatura na CCJ.

– Se a gente falar pouco, dá para votar amanhã. Mais de 30 dos inscritos são para falar a favor, só uns cinco contra. E ainda vai reduzir – disse Chico Alencar (RJ).

O deputado Rubens Bueno (PR), líder do PPS, criticou a postergação.

– O adiamento da votação prolonga ainda mais a agonia da Câmara, que desde o ano passado convive com essa novela. Está mais do que claro que o mandato de Cunha, réu na Lava-Jato, precisa ser cassado – disse.

Foram quase cinco horas de sessão, quase três delas utilizadas pelo advogado, Marcelo Nobre, mas sobretudo pelo próprio Cunha para contestar, um a um, os pontos do relatório de Fonseca. Além disso, o peemedebista tentou, em tom de ameaça, fazer com que os deputados integrantes da CCJ pensassem que supostas injustiças cometidas durante o processo podem também acontecer com os 117 deputados com pendências judiciais.

? A palavra do órgão acusador virou sentença transitada em julgado, é um processo político. Então garanto que nenhum dos 117 deputados e 30 senadores investigados sobreviverão nessa Casa e deverão ser todos cassados – disse o peemedebista.

Após a fala de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado do ex-presidente da Câmara, apresentou um requerimento de adiamento de discussão por dez dias úteis. A tentativa de adiar a deliberação do processo foi criticada por parlamentares, que rejeitaram a ideia por ampla maioria.

Após ser rejeitado, aliados de Cunha pediram que fosse feita votação mais detalhada. Foram novamente derrotados, por 40 votos a 11 e uma abstenção.