Opinião

Viva com os humanos

Viva com os humanos

Acredito que você tenha crescido ouvindo que, para se tornar uma pessoa de valor, deveria evitar tudo o que fosse supérfluo.

A ideia de que devemos eliminar todo tipo de supérfluo é profundamente falsa e, se levada muito a sério, pode vir a desumanizar você.

Para quem me acompanha há algum tempo, sabe que acredito que a vida humana é uma vida de serviço, e que é no cumprimento do dever que se experimenta o sabor da felicidade. Temos, a meu ver, também outra obrigação, a de se desligar por alguns momentos e relaxar. Desprezar o supérfluo necessário pode levá-lo a um profundo entristecimento, arrastando-o para o mais raso materialismo. O equilíbrio de uma vida escrava e uma vida de busca pelo prazer passa por aprender quais supérfluos devem estar presentes em sua vida.

Faça um exercício de imaginar um sujeito que tenha construído a vida sobre o estrito necessário. A rigor, um indivíduo necessita de água, abrigo, alimento e da graça de Deus. Qualquer item adicionado a isso, como um alimento mais saboroso, algo mais agradável em seu lar, seria supérfluo.

Então, um supérfluo que distingue a vida propriamente humana da vida animal. O homem, que não é uma criatura meramente material, precisa de algo mais que o estritamente necessário para viver. Nós precisamos de elementos que nutram nossas aspirações mais altas e, de fato, são fornecidas por todo o campo da beleza e da estética, da arte, da cultura, da diversão, da convivência saudável com os seres humanos.

Viver abaixo da condição humana é viver sem os supérfluos necessários.

Se por algum motivo a tristeza e a rigidez estão presentes em sua vida, talvez seja um sinal de que está faltando o supérfluo necessário.

Cair no reles materialismo é viver dentro das esferas do necessário e você estará a poucos passos para abandonar sua vocação, o sentido da vida, a religião, ou seja, a sua alegria de viver.

Procure saber quais são os seus supérfluos necessários, assim como os da sua esposa ou seu esposo. Talvez suas obrigações diárias tenham consumido suas lembranças daquelas coisas que você gostava de fazer, por outro lado, pode ser que sua vida esteja tão distante do dever, que você só pense em se divertir.

Nenhum desses extremos desenvolve uma vida humana sadia.

Faça um favor a você mesmo: finja ser um visitante em sua casa e pense na impressão que você teria sobre quem habita esse ambiente. Não se apegue a riqueza ou pobreza.

Em outro movimento, assim que puder, desligue-se por alguns momentos das obrigações e se permita uma distração.

O elemento de relaxamento é necessário para a vida humana. O sujeito que anda sempre ocupado, atarefado com as coisas necessárias, está frito. Tem de existir esse elemento de contemplação da beleza, da verdade, da calma.

Tenho, nos últimos anos, combatido um bom combate nesse tema: viver uma vida humana e não animal.

 


Juliano Gazola é fundador da Bioliderança® no Brasil, business executive coach, reprogramador biológico

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