Cotidiano

Vitórias do Flamengo inspiram o novo disco de Edu Kneip

INFOCHPDPICT000065377909 (2)RIO ? A canção fala de uma batalha ? com heróis e vilões, momentos de superação, tudo sob o tratamento épico que o tema merece. Mas, em vez de soldados, os jogadores do Flamengo e do Cobreloa, na final da Libertadores da América de 1981. Entre os heróis listados nos versos aparecem Zico, Adílio, Leandro. O chileno Mario Soto encarna o vilão maior ? o zagueiro que jogou com uma pedra na mão e, com ela, abriu o supercílio de dois rubro-negros. ?A batalha de Cobreloa? é uma das faixas do projeto ?Vencer, vencer, vencer?, que Edu Kneip prepara com dez canções, cada uma delas dedicada a um jogo histórico do Flamengo ? mas num período específico, entre 1978 e 1983.

? Foi uma época especial, né? ? diz Kneip, enquanto os lances do primeiro jogo da final da Libertadores de 1981 são projetados na parede de sua casa. ? Fomos campeões da Libertadores, campeões mundiais, tínhamos um time espetacular. Todo garoto que cresceu naquela época tinha o sonho de jogar no Flamengo. Como não consegui, resolvi fazer as músicas.

Originalmente melodista, Kneip fez canções como ?O Deus da Raça” (sobre o título carioca de 1978, com gol de Rondinelli), ?O troco? (na qual Edu lembra o jogo no qual o Flamengo devolveu a goleada de 6 x 0 que havia sofrido do alvinegro nove anos antes), ?O goleiro Raul? (da grande atuação de Raul Plassmann no título brasileiro sobre o Grêmio) e ?O jogo para sempre? (a final do Campeonato Brasileiro de 1980 contra o Atlético Mineiro). O tom das músicas combina a narrativa das pelejas dos cordéis, a crônica esportiva nada objetiva de Nelson Rodrigues, a observação suingada de Jorge Ben Jor e o apelo sensorial da narração das partidas no rádio.

Edu Kneip

? A principal referência é mesmo o narrador do rádio, ouvi muito jogo. Usei inclusive expressões que vêm diretamente dali, como no verso ?quem gastava a bola era Leandro?. Citei diretamente uma de Jorge Curi, que anunciava o escanteio falando: ?bola colocada no quarto de círculo?. Em ?O Deus da Raça? canto: ?É num quarto de círculo de grama que a bola está/ O Zico já se encaminha pra fazer tudo mudar? ? diz o compositor. ? Já Jorge Ben está lá de uma forma mais indireta. Ele é uma das minhas grandes referências, mas o jeito que ele cantou o futebol foi mais intuitivo, mais do torcedor.

Kneip explica que procurou um caminho mais de crônica e menos de papo de torcedor ? apesar de o envolvimento emocional do moleque rubro-negro que cresceu vendo aquele time (ele é de 1970) estar presente nas narrativas dos jogos que canta.

? Procurei fazer sem entrar naquela coisa de zoação dos adversários. Até porque no geral foram jogos muito disputados, com oponentes muito bons ? nota o compositor. ? O mais difícil era achar o tom exato pra transmitir a emoção, o contexto, o clima daquela partida. O jogo no Chile da final contra o Cobreloa foi uma guerra, a música tinha que passar essa ideia. Logo no início, mando uns versos que, a meu ver, funcionam bem: ?Grito de guerra sacudiu a hombridade/ Só podia ir pra luta quem tivesse/ O Mengo no coração?.

A ideia do ?Vencer, vencer, vencer? nasceu quando Kneip estava assistindo a um show no Carioca da Gema e o ex-jogador Júnior ? craque daquele time e que chegou a fazer sucesso cantando ?Povo feliz (Voa canarinho)? em 1982 ? subiu ao palco para uma participação.

? Foi como ver o Batman, um herói de infância. Logo depois compus uma música sobre o Flamengo, ?Manto sagrado?, e pensei o projeto.

IMAGENS DOS JOGOS EM CLIPES

Além das dez canções-crônicas (compostas por Kneip sozinho ou em parceria com Marcelo Fedrá), o disco terá a faixa-bônus ?Manto sagrado?. Seis das canções estão compostas e duas já gravadas. O artista convocou um time de músicos flamenguistas formado por Josimar Carneiro (arranjos e produção), Gabriel Geszti (teclados), Matias Correa (baixo), Carlos Cesar (bateria), André Verselino (cuíca), Mariana Zwarg (flauta), Aline Gonçalves (clarinete) e Naífe Simões (percussão e única exceção em termos clubísticos, já que torce pro Sport). O projeto inclui clipes feito com lances dos jogos. Agora, ele busca parcerias para conseguir finalizar o álbum:

? Estou procurando contato com o próprio Flamengo e também com os patrocinadores do clube. Mas não descarto a possibilidade do crowdfunding, afinal se a Nação colaborar a gente paga o disco fácil.