Cotidiano

Vítimas de chacina são enterradas sob aplausos e comoção em Campinas

SÃO PAULO – A despedida parentes e amigos das 12 vítimas de uma chacina durante uma festa de réveillon em Campinas (interior de SP) levou centenas de pessoas nesta manhã para o Cemitério da Saúde, onde os corpos foram enterrados após um velório coletivo. Houve comoção e salva de palmas durante os sepultamentos. Isamara Filier, de 41 anos, e seu filho, João Victor Filier de Araújo, de 8 anos, foram os últimos a serem sepultados.

Eles foram mortos no réveillon pelo técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo, de 46 anos, ex-marido de Isamara, que atirou contra a própria cabeça após a chacina. A motivação do crime seria uma disputa pela guarda do filho que eles travavam na Justiça pelo menos desde 2013. Em cartas que Sidnei escreveu sobre o crime que praticaria, ele relata que a ex-mulher tentava afastá-lo do filho e chegou a acusá-lo de abusar do menino.

Para se vingar de Isamara, Sidinei queria matar principalmente as mulheres da família, a quem chama de “vadias” nas cartas que escreveu. Ao todo, ele matou nove mulheres, incluindo a ex. Ele planejou o crime, segundo as investigações, com detalhes. Chegou a raspar numeração da arma que usou para não comprometer quem vendeu a pisto a ele.

Inicialmente, o técnico pensou em matar as vítimas no Natal. Como não conseguiu, voltou a colocar o plano em prática no réveillon, quando pulou o muro da casa onde a família estava reunida e usou uma pistola 9mm para disparar contra as vítimas. Além da pistola, levava dez aparatos que a polícia analise para ver se eram explosivos, dois carregadores, munição e um canivete.

Como os tiros foram disparados minutos antes da virada do ano, vítimas e vizinhos confundiram o barulho com fogos de artifícios que estavam sendo estourados para comemorar a chegada de 2017.

Além dos 12 mortos, mais três pessoas foram baleadas e estão internadas em hospitais da cidade. Outras quatro pessoas não foram atingidas pelos disparados, incluindo dois adolescentes que esconderam no banheiro.

O crime comoveu a cidade. Nesta manhã, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), decretou luto oficial de três dias por conta do crime, uma das maiores chacinas já registradas na cidade,

“Meus amigos, neste primeiro dia útil de 2017, queria começar a semana de outra forma. Mas como já fizemos ontem, durante a solenidade de posse, não podemos deixar de externar nossa consternação pela tragédia familiar ocorrida na noite do réveillon em nossa cidade. Às famílias enlutadas, nossa solidariedade. E, em razão disso, Campinas está em luto oficial de três dias”, informou o prefeito por meio de sua página em uma rede social.

Sidnei também fou sepultado nesta manhã, em um cemitério na cidade de Jaguariúna, próximo de Campinas.