Cotidiano

Venezuelanos vão às ruas em nova marcha da oposição contra Maduro

CARACAS ? Opositores da Venezuela realizam nesta quarta-feira uma nova marcha contra o presidente do país, Nicolás Maduro nas principais cidades do país. As manifestações chegam às sedes do poder eleitoral para pedir a agilização do processo do referendo revogatório que poderia encurtar o mandato do presidente. Na semana passada, cerca de um milhão de pessoas sairam às ruas de Caracas no primeiro de uma nova série de protestos convocados pela coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD). O governo convocou contramarchas em apoio ao presidente.

Com bandeiras venezuelanas e mensagens contra o governo, grupos de opositores se concentravam em parques e praças para protestar diante de 24 sedes regionais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Os locais amanheceram dechados e fortemente protegidos por forças de segurança. Cerca de 500 pessoas se reuniam pela manhã no estado de Miranda, Norte do país, onde governo o líder opositor Henrique Capriles.

? Temos que fazer alguma coisa, o voto e o protesto pacífico são as únicas armas que temos. O governo controla quase todos os poderes e não sabe o que mais inventar para evitar o revogatório ? disse Rosmina Castillo, de 52 anos, que participou da manifestação

A MUD, animada pela marcha que reunião uma multidão na semana passada em Caracas, convocou desta vez manifestações nas principais cidades do país. Na capital, está programado um protesto simbólico com o cesse das atividaes e da circulação de veículos por 10 minutos.

A oposição tenta pressionar o CNE, a que acusa de servir ao governo, a acelerar a convocação da consulta popular. O tempo é um fator-chave para os opositores, já que uma eventual derrota do presidente resultaria em eleições diretas se for definida ate o dia 10 de janeiro de 2017. Se ocorresse depois disso, assumiria o vice-presidente de Maduro.

O presidente, no entanto, afirma que a oposição busca provocar a violência para abrir o caminho a um golpe de Estado contra o seu governo. Por isso, alertou que opositores serão presos caso haja agressões nas manifestações. Em 2014, o líder opositor Leopoldo López foi preso sob acusações de ter incitado os protestos que resultaram em dezenas de mortes. Posteriormente, foi condenado a 14 anos de prisão e permanece no cárcere.

Segundo uma pesquisa da Datanálisis, oito em cada dez venezuelanos quer uma mudança de governo. Golpeada pela queda dos preços do petróleo, o país sofre com a escassez de 80% de remédios e alimentos. A inflação, por sua vez, é a mais alta do mundo e pode chegar a 720% neste ano, segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).