Cotidiano

Venezuelanos formam filas longas para trocar notas tiradas de circulação

VENEZUELA-ECONOMY_-GAI31Q76J.1.jpgCARACAS ? Acostumados com longas filas nos últimos anos par comprar alimentos em mercados, milhares de venezuelanos tiveram que esperar para trocar suas notas de 100 bolívares, as quais o governo ordenou retirada de circulação imediata. Com prazo que vence ainda nesta semana para a maior parte dos bancos, a retirada das principais cédulas no mercado venezuelano provocou correria e confusões em Caracas e outras cidades. No mesmo dia, entraram em circulação moedas do mesmo valor.

Em Barinas, pessoas que não têm contas bancárias esperavam desde 4 da manhã para trocar suas notas. Muitos explicavam que mantinham as notas consigo porque não confiavam nos bancos, apesar de o governo ter insinuado que o país está sob tentativa de lavagem de dinheiro por supostas máfias que tiravam o capital de circulação.

? Mantinha minhas notas porque para comprar dois quilos de carne preciso de 10 mil bolívares, e isto significa mil cédulas ? disse uma mulher que pediu anonimato, por receio de ser acusada de ações suspeitas.

Pela manhã, filas enormes em Caracas ocupavam bancos perto de mnercados onde outras filas também era registradas. Houve confusão por causa de pessoas que estavam desrespeitando a ordem da fila, e soldados que reforçavam o local tiveram que impedir brigas.

? Povo da Venezuela, digo a vocês para que não se procupem ? disse Maduro. ? As medidas são de seu interesse.VENEZUELA-ECONOMY_-GAI31Q6CE.1.jpg

As notas vão ser oficialmente retiradas na quinta-feira, e depois disso os venezuelanos terão dez dias para levar as restantes ao Banco Central. Muitos questionam como o país pode coletar mais de seis bilhões de notas num período tão curto.

? Este país está caótico e a cada dia fica pior. Qual o sentido? ? disse Walter Castagnoli, 43 anos, motorista desempregado numa fila em Caracas para depositar as notas.

Como segunda-feira foi feriado bancário, os venezuelanos têm até quinta-feira para depositar o valor em bancos privados e públicos, que terão segurança reforçada ? operações de compra e venda de imóveis e registros de empresas estão proibidos durante o período, sob alegações de que facilitariam a lavagem de dinheiro com ?notas sujas?.

Maduro ordenou a retirada das notas no domingo, como parte de um decreto de emergência econômica que tem sido sucessivamente atualizado há meses. O ministro do Interior e da Justiça, Néstor Reverol, alegou que houve saída de 300 bilhões de bolívares ?através do Departamento do Tesouro dos EUA? com suposta finalidade de provocar a queda do governo. A quantia, no câmbio oficial, equivale a US$ 448 milhões, e, no paralelo, a US$ 75,4 milhões.

? O governo americano, com a finalidade de tirar o dinheiro do território e asfixiar o sistema financeiro nacional, contratava ONGs que, por sua vez, contratavam grupos de delinquência organizada que levavam dinheiro através da Colômbia em grandes quantidades até a Europa e Asia ? disse Reverol, citando o Brasil como um pontos de passagem do dinheiro. ? O acordo era que este dinheiro voltasse ao país a um câmbio privilegiado quando o governo de Maduro caísse. Isso é financiamento ao terrorismo, operações de delinquência organizada. E, como tal, serão castigadas.