Cotidiano

Venezuela impede entrada de jornalistas que cobririam marcha da oposição

CARACAS ? A Venezuela impediu que jornalistas estrangeiros entrassem no país para cobrir a marcha da oposição programada para quinta-feira em Caracas. Os correspondentes do jornal francês “Le Monde”, da rádio pública americana “NPR” e da rádio colombiana “Caracol” foram barrados por autoridades ao desembarcarem no aeroporto e serão deportados, segundo o sindicato de jornalistas do país. A manifestação deverá exigir ao poder eleitoral que agilize o processo do referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro.

O correspondente da “Caracol”, César Moreno afirmou em seu Twitter que as autoridades migratórias consideraram os jornalistas “não admissíveis” no país. Lá, foi informado de que seria enviado de volta à Colômbia. Ele estava acompanhado da jornalista Marie-Eve Detoeuf, do “Le Monde”, e de John Otis, correspondente da “NPR” em Bogotá.

“Minha viagem de trabalho teve um mau começo: estou sendo deportado à Colômbia”, manifestou Otis nas redes sociais.

Na terça-feira, uma equipe de jornalistas da rede árabe “Al Jazeera” também não teve permissão para entrar no país, após terem viajado da Argentina e do México a Caracas.

O governo não comentou o caso, mas o Ministério da Comunicação lembrou em um comunicado que os veículos de comunicação internacionais que mandarem enviados especiais devem entrar em contato com o consulado venezuelano nos países de origem para apresentar vários documentos que são considerados requisitos à entrada no país.

A coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) afirma que o governo de Maduro tem “medo” de que o mundo veja a marcha de quinta-feira ? para a qual a oposição espera uma multidão nas ruas de Caracas. Além disso, os opositores dizem que o governo proibiu o voo de drones, helicópteros e aviões nesta semana para evitar que se publiquem imagens aéreas do protesto.

? É impossível que você aplique um apagão de informações à Venezuela ? disse o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba, dirigindo-se a Maduro.

Em meio a uma guerra política entre governo e oposição, os dois lados se acusam mutuamente de planejar atos de violência na quinta-feira. Nesta semana, o jornal “El Nacional”, de linha opositora, denunciou que desconhecidos lançaram bombas incendiárias e excrementos contra sua sede.

Em seu relatório mais recente, a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) classificou a Venezuela no 137º lugar no ranking de liberdade de imprensa no mundo, que tem 180 países no total.