Cotidiano

Venezuela: deputados renunciam para que Parlamento volte a ter efeito legal

201601131332328631_RTS.jpg

CARACAS – Em busca da retomada institucional das ações do Legisaltivo, de maioria opositora, três deputados do estado de Amazonas que haviam tido sua posse impugnada por acusações de irregularidades pediram para ser desvinculados da Assembleia Nacional (AN) venezuelana. A decisão se deu horas depois de a Justiça proibir o Parlamento, de maioria opositora, de realizar um julgamento sobre a responsabilidade do presidente Nicolás Maduro na crise do país, por considerar o processo ilegal. maduro

A decisão de Julio Ygarza, Nirma Guarulla e Romel Guzamana de pedir a desvinculação foi tomada, segundo o apelo na AN, para que o Legislativo saia do atual estado de desacato imposto pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). O TSJ ratificou que todas as ações do Legislativos são nulas, após tê-lo declarado em desacato em agosto passado por empossar três deputados opositores, cuja eleição foi suspensa por acusações de fraude do governo.

“A Sala Constitucional do TSJ ordena às deputadas e aos deputados da Assembleia Nacional se absterem de continuar com o pretendido julgamento político”, destacou o órgão estatal na sentença publicada nesta terça-feira em sua página oficial.

A sentença lembrou, ainda, que o julgamento político não está contemplado na Constituição e que, de qualquer forma, as decisões do Legislativo são nulas, após ter sido declarado em desacato em agosto passado por dar posse a três deputados opositores, cuja eleição foi suspensa.

? Excelente. O sistema constitucional e institucional da Venezuela está funcionando muito, muito, mas muito bem. Funcionando de maneira fluida ? disse Maduro.

Após declarar terminada a trégua que tinha alcançado com o governo após o Vaticano impulsionar um processo de diálogo com o chavismo, a oposição dissera que voltaria a impulsionar o julgamento político para declarar abandono do cargo por Maduro ? processo que precisaria ser validado pelo próprio TSJ para que o presidente fosse destituído.

? Acabou-se a trégua que o Vaticano nos pediu. Cumprimos com o Vaticano, mas o governo não ? disse o secretário-executivo da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba.

Os dois lados mantiveram nas últimas semanas reuniões em busca de aliviar as tensões entre os Poderes Executivo e Legislativo. Até o momento, no entanto, não houve um cronograma de ações definido, e o prazo estipulado para suspender ações contra Maduro venceu.

“A Sala Inconstitucional fraudulenta poderá dar instruções a seu grupo de lacaios, mas não a AN, eleita pelo povo”, criticou o presidente da Assembleia, Henry Ramos Allup.

O conflito político entre o presidente e seus detratores se aprofundou em meio a graves dificuldades econômicas para a Venezuela, com uma severa escassez de alimentos e medicamentos e uma inflação que encerrará o ano em 475%, segundo o FMI, a mais alta do mundo.