Cotidiano

Vendas de fogos de artifício em alta

Neste ano, a maioria das prefeituras cancelou a queima de fogos de artifícios na virada do ano, mas, em contrapartida, disparou a procura no varejo

Vendas de fogos de artifício em alta

Reportagem: Patrícia Cabral 

Mesmo com todas as restrições e os cancelamentos de algumas comemorações por causa da pandemia, a procura por fogos de artifícios está em alta.

De acordo com o presidente da Associação Industrial e Comercial de Fogos de Artifícios do Paraná, Rodolpho Aymoré Junior, esta continua sendo a melhor época do ano para o segmento. “Natal e Réveillon representam 95% das vendas do setor ao longo de um ano inteiro. Futebol, festa junina ou julina somam, no máximo, 5% do movimento das lojas de fogos em qualquer lugar do Paraná.”

Segundo ele, o volume de compra se concentra principalmente nos dez últimos dias de dezembro e, neste ano, a procura tem sido maior no varejo. “Segundo levantamento dos nossos associados, a venda de fogos de espetáculos adquiridos por prefeituras, hotéis e grandes eventos baixou em torno de 98%, mas, em contrapartida, o movimento de varejo, por famílias e pessoas físicas, aumentou 86%. Isso não compensa totalmente o impacto no setor, mas, só no Natal, por exemplo, a venda para o consumidor final foi 60% maior que no ano passado em todo o Estado”, compara.

A intenção de vendas dos comerciantes para o Natal era duas vezes maior do que registrado no mesmo período de 2019 e foi o que aconteceu. Em uma das lojas de fogos de artifícios de Cascavel, a gerente Raquel dos Santos explica que as vendas deste ano foram bem maiores que as do ano passado: “As famílias não estão viajando, estão ficando em casa. Percebemos uma redução no valor dos produtos, mas um número bem maior de consumidores”.

Preço nas alturas

Se a procura cresce, o preço acompanha. Por isso, os fogos estão quase 35% mais caros que há um ano. A gerente Raquel dos Santos explica que o valor dos produtos depende muito da intenção do consumidor. “Oferecemos muitas opções e o custo depende do espaço que o cliente tem disponível, da intensidade, duração e alcance dos fogos, por isso, o valor de um kit com diferentes peças pode variar de R$ 90 a R$ 3.900. Muitos artefatos sofreram reajustes, alguns mais, outros menos. Um foguete simples, que custava R$ 35 ou R$ 40 a unidade ano passado, hoje está R$ 45, por exemplo”, compara.

Em outra loja da cidade, um rojão simples, que em 2019 era vendido por R$ 10, hoje custa R$ 15. Já para comprar o famoso kit evolution 145 tubos, o cliente desembolsa cerca de R$ 2.500, valor que em 2019 não passava de R$ 1.800.

Os motivos, segundo a Associação Industrial e Comercial de Fogos de Artifícios do Paraná, vão desde a variação do dólar, o período de escassez de produtos, até a falta dos artefatos. Este último quesito, inclusive, fez com que o segmento tivesse dificuldade para aquisição de insumos necessários para a produção. “Tudo no Brasil está mais caro, incluindo o aço, o alumínio e o papel, que são praticamente 92% do material utilizado na produção dos fogos nas indústrias. Outro fator é que as empresas de menor porte tiveram grande dificuldade no abastecimento, já as maiores não passaram por isso porque haviam comprado durante o ano e estão com estoque garantido para o fim do ano. Estão preparadas para o movimento normal, mas, claro que, se a procura aumentar mais, pode faltar”, avisa Rodolpho Aymoré.

Projeto que proíbe artefatos barulhentos segue na gaveta

Polêmica por todo o País, o barulho dos fogos também foi tema de debate no Legislativo municipal. Isso porque os estampidos incomodam e causam sofrimento em pessoas com espectro autista, idosos, acamados e doentes em recuperação. Outra frente contrária à barulheira são entidades protetoras de animais.

Em Cascavel, o Projeto de Lei 163, de 2019, proíbe a queima e/ou soltura de fogos de artifícios de altos estampidos, assim como de quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso que causem poluição sonora acima de 85 decibéis.

As infrações cometidas por pessoas física ou jurídica rendem multas de 20 UFMs e, em caso de reincidência, a multa será dobrada. Empresas podem perder o alvará de funcionamento caso reincidam na infração.

O projeto foi aprovado em primeira discussão na Câmara de Vereadores em julho deste ano, mas, no segundo turno, foi pedido adiamento da votação para analisar melhor o artigo que fala sobre os decibéis e não voltou mais para a pauta. O projeto foi apresentado pelos vereadores Rafael Brugnerotto (PL), Policial Madril (PSC) e Serginho Ribeiro (PDT).

“Eles queriam colocar no projeto limite de 120 decibéis e insistimos em 85 decibéis pelo menos, e é por isso que vamos lutar. Pretendo colocar em votação no início da legislatura. Fiz uma solicitação para que as pessoas não soltem fogos no fim de ano e, se forem soltar, que escolham opções com menos estampido para evitar o sofrimento de idoso, doentes e animais, além de procurar reduzir o número de acidentes, porque muitos acabam se machucando quando vão usar o artefato”, disse o vereador Serginho Ribeiro.

Uma das opções são os fogos silenciosos chamados Pet-Eco Fogos, que geram um impacto menor de barulho, mas a procura por esse tipo de produto ainda é bem pequena, de acordo com a Associação Industrial e Comercial de Fogos de Artifício no Paraná. “Em 2019, só 2% dos consumidores compraram esse tipo de artefato e, neste ano, por enquanto, a procura não foi muito diferente. A maioria prefere os fogos tradicionais”, comenta o presidente da entidade, Rodolpho Aymoré.