Cotidiano

VBP da agropecuária cresce 1,7%

Curitiba – O VBP (Valor Bruto da Produção) Agropecuária do Paraná, em 2016, atingiu R$ 88,83 bilhões, crescimento real de 1,7% em relação a 2015, de R$ 87,38 bilhões. Esta é a versão definitiva do faturamento bruto contabilizado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), que vai compor a cesta de índices utilizados para calcular repasses do governo ao Fundo de Participação dos Municípios, referente ao ICMS do ano que vem. Para entender, o VBP é o PIB (Produto Interno Bruto) do campo, ou seja, a soma de tudo o que foi produzido.

Para o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, apesar de 2016 ter sido um ano difícil para a economia e com clima adverso durante o desenvolvimento das lavouras, o resultado comprova a força do setor agropecuário paranaense. “Houve um crescimento real [já considerada a inflação], motivado pelos bons preços alcançados pelas principais commodities produzidas e comercializadas no Paraná”, afirmou.

Para 2017, a perspectiva para o VBP é de aumento porque a safra de grãos, que está em fase final de colheita, foi excepcional devendo alcançar um volume de até 40 milhões de toneladas no Estado. O diretor do Deral, Francisco Simioni, ressaltou que a tendência de crescimento no faturamento bruto da produção deste ano poder não ser tão expressiva, mas segue positiva. “Se por um lado a produção se mantém em ascensão, por outro este ano está ocorrendo um recuo forte nas cotações das principais commodities como soja, milho, boi e leite”, alertou Simioni.

Maiores contribuições

Faturamento dos produtos que mais contribuíram para o VBP:

Produto faturamento bruto

soja R$ 19,4 bilhões

frango de corte R$ 14,9 bilhões

milho R$ 7,4 bilhões

tabela 2

Distribuição percentual do VBP 2016

Produto (%)

Soja 22

Frango de Corte 17

Milho 8

Leite 7

(corte) 4

(corte) 4

Cana-de-açúcar 3

Feijão 2

Problemas nas lavouras

De acordo com o Deral, a safra 2015/16 foi marcada por um quadro climático que prejudicou o potencial produtivo das plantas. Ocorreram irregularidades no clima durante o desenvolvimento da safra de verão, ora com chuvas, ora com secas e variações abruptas de temperatura. E no inverno, ocorreram 12 geadas consecutivas logo no início da estação.

Mesmo assim, a safra de grãos atingiu um volume de 35,1 milhões de toneladas, sustentada por bons preços nas principais commodities, como soja, milho, trigo, leite e carnes. Historicamente a soja se mantém na liderança como principal produto na formação do VBP, ocupando uma área entre 85% e 90% do total disponível no Estado. Este ano o cultivo da soja deve ocupar aproximadamente 91% da área disponível para o cultivo de grãos na primeira safra de primavera/verão.

Agricultura sofreu com o clima em 2016

Frango “puxa” a pecuária

O faturamento bruto da avicultura – frango de corte – continua sendo o item mais importante da pecuária paranaense. Mesmo diante de uma conjuntura de dificuldades para avicultura em 2016, enfrentando a alta dos custos de produção em função do aumento do preço do milho, o faturamento com abate de frangos foi 9% acima de 2015 e o Paraná segue como maior produtor nacional e exportador dessa proteína.

A suinocultura, apesar de ter tido um aumento mais modesto de 3% na quantidade de animais abatidos, também teve crescimento positivo e tem perspectiva de ascendência dados os investimentos no setor produtivo em modernização e inovação industrial. A produção de leite foi 0,1% maior em 2016, atingindo 4,8 bilhões de litros. Houve alta nos custos de produção, por causa da elevação do preço do milho, mas o faturamento total com a produção de leite foi de R$ 6 bilhões, 20% a mais que em 2015.

Região oeste mantém a liderança estadual

Toledo – A região oeste se mantém na liderança da contribuição com o faturamento bruto da produção, com um VBP alcançando R$ 19,3 bilhões, o que corresponde a um crescimento de 2,6% sobre o ano anterior. O bom desempenho da avicultura e da produção de grãos, mesmo em um cenário de alta nos custos de produção, sustentou o avanço regional, analisou Marcelo da Silva Gomes.

Segundo o economista, a região concentra grande parte da criação e abate de suínos (68% do Estado). Destaca-se também na avicultura, com 31% da produção paranaense, 34% da produção de milho e 22% da produção de soja no Estado. Além dessas cadeias, já consolidadas, vem crescendo a piscicultura, que corresponde a 69% da renda gerada com pescados de água doce no Paraná.

O oeste conta ainda com os maiores VBPs municipais, sendo Toledo em primeiro lugar, com um faturamento bruto de R$ 2,2 bilhões; e Cascavel, em segundo lugar, com R$ 1,7 bilhão.

A segunda região que mais contribui com o VBP, de acordo com o Deral, foi a norte central, com faturamento de R$ 11,7 bilhões, 39,3% a menos que da região oeste. Mas em 2016 foi bastante prejudicada pelo clima.